Governo dos Açores suspende transformação de beterraba em açúcar na Sinaga
31 de out. de 2017, 18:03
— Lusa/AO online
"A solução de suspensão da
atividade, como a própria palavra indica, é transitória, havendo que
aguardar e perceber o que vai acontecer no futuro, em termos de preços
do açúcar, não sendo possível fazer previsões a médio e a longo prazo",
declarou João Ponte aos jornalistas, no final de um encontro com os
trabalhadores da Sinaga. O Governo Regional dos Açores
anunciou em fevereiro de 2010 a aquisição, por 800 mil euros, de 51 por
cento do capital da açucareira Sinaga, que é a única empresa
transformadora de beterraba existente em Portugal. O secretário
regional da Agricultura e Florestas considerou que a administração da
indústria açucareira "tem agora que se concentrar" na negociação do seu
passivo com banca, fornecedores e Estado, que considerou ser
preocupante. João Ponte acrescentou que a Sinaga deve ainda
apostar na rentabilização dos seus ativos, bem como das suas
instalações, fábrica do álcool, no concelho da Lagoa, e terrenos que
possui, visando gerar liquidez para que "seja possível, no futuro,
garantir a sua sustentabilidade". "Mesmo nos anos em que houve
boas condições para a produção de beterraba, os resultados de exploração
foram negativos, não fazendo sentido manter e prolongar esta situação
de atividade de transformação. Seria caminhar para o abismo", sustentou. João
Ponte afirmou ser importante a unidade industrial concentrar-se, agora,
na comercialização do açúcar, sendo a refinação "vista em função das
condições do mercado". O governante referiu que 26 trabalhadores
vão manter-se na Sinaga nesta nova fase da sua existência e os 48
restantes transitam, com os seus direitos salvaguardados, para a
administração pública regional. João Ponte admitiu a
possibilidade dos operários que o desejarem, pela idade avançada,
avaliarem com a administração da empresa situações como o recurso a
reformas antecipadas. Isaura Amaral, do Sindicato das Indústrias
Transformadoras, declarou, por seu turno, temer que esta "seja uma
suspensão definitiva", destacando que "os sindicatos lutaram durante
imensos anos para que isso não acontecesse". A sindicalista
acredita que há condições para viabilizar a Sinaga, como atestado por um
estudo desenvolvido pelo Governo Regional, em 2009, tendo acrescentando
que "houve má gestão da empresa para chegar ao ponto a que chegou". Notícia reformulada pela LUSA para clarificar que apenas parte da atividade será suspensa