Governo da República vai avançar com obras na cadeia de Ponta Delgada
24 de out. de 2024, 09:07
— Nuno Martins Neves
O Governo da República vai avançar com obras no atual edifício do
Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, de forma a mitigar os
problemas existentes, enquanto a nova prisão - com data de conclusão
prevista para 2031 - não está construída. A garantia foi deixada
pela secretária de Estado da Justiça, Maria José Barros, no segundo e
último dia de visita à Região, que começou pelo Nordeste e terminou em
Ponta Delgada, onde a governante aferiu, in loco, as condições da
Conservatória do Registo Civil e Conservatória do Registo Predial.No
primeiro, situado na Praça Gonçalo Velho, a secretária de Estado
elogiou as boas condições do serviço, apesar de situado num 2.º andar, o
que poderá levar a República a equacionar um novo espaço, para tornar
mais acessível o acesso a todo o público. A conservadora Joana da
Costa expressou a preocupação com a falta de pagamento do subsídio de
insularidade, que afeta a fixação de conservadores e oficiais de registo
na Região, ainda para mais, sendo algo que está previsto na lei.Questionada,
Maria José Barros remeteu para o Ministério das Finanças a resolução
deste problema: “É uma questão que foi levantada pelos sindicatos dos
profissionais de registo e notoriedade, está a ser avaliado pelos
serviços do ministro das Finanças e esperamos ter uma resposta positiva
ou negativa. Estamos a avaliar os impactos e a resposta será dada a
muito curto prazo”.Enquanto iam conhecendo os cantos da
Conservatória, um cidadão, que já tinha sido atendido, atravessa por
entre a entourage. Interpelado pela secretária de Estado a dizer de sua
justiça quanto à qualidade do espaço, o cidadão não se coibiu: “Eu
trabalhei no Ministério de Justiça entre 86, 87 e já nessa altura havia o
problema de recursos humanos. E hoje ainda está mais grave! Não dá para
entender. Espero que o meu testemunho tenha ajudado!”.De facto,
segundo dados fornecidos pelo Instituto dos Registos e Notariado, faltam
63 trabalhadores na Região Autónoma dos Açores, sendo que dos 25
conservadores, existem menos de metade (11), enquanto apenas 93 dos 142
postos de trabalho de oficiais de registo estão ocupados.“A escassez
de recursos humanos é uma realidade transversal a todo o IRN, não é
exclusiva do arquipélago dos Açores”, assinalou Maria José Barros,
lembrando que “há mais de 20 anos que não são abertos concursos, nem
para conservadores, nem para oficiais de registo. É uma preocupação
muito grande que este ministério tem, ainda por cima porque a idade
média dos conservadores e oficiais de registo anda entre os 57 e os 59
anos, respetivamente”.A secretária de Estado anunciou que já foi
autorizado um concurso, a abrir em janeiro de 2025, que poderá mitigar o
problema. “É um primeiro passo, não será o definitivo nem o único que
resolverá o problema de todos, mas queremos primeiro integrar as novas
pessoas que vamos admitir em janeiro. E paulatinamente ter um plano de
resolução”.O Estabelecimento Prisional (EP) de Ponta Delgada também
foi um dos locais de visita da governante, tendo Maria José Barros
anunciado que irão ser feitas obras no atual edifício, enquanto a nova
cadeia não é uma realidade (só deverá estar concluída em 2031, prazos
anunciados pela Ministra da Justiça). “Nós, juntamente com diretora
geral dos Serviços Prisionais e com a diretora do EP estivemos a avaliar quais são
as necessidades imediatas e levo já um caderno de encargos”. Nesse
documento, Maria José Barros leva a famigerada “camarata da América do
Sul”, cela onde, mais vezes do que desejável, estão mais de 40 reclusos. “A camarata também foi vista por nós. Estamos a ver que hipóteses
temos de minorar essa cela, mas neste momento não vos vou dar uma
informação que não é concreta”.Sobre o Palácio de Justiça da Ribeira
Grande, a secretária de Estado da Justiça revelou que já está em fase
de concurso o projeto de remodelação parcial do tribunal.