Governo da República atribui 500 mil euros para aquisição de terrenos no bairro de Santa Rita
Lajes
9 de dez. de 2019, 18:34
— Lusa/AO Online
“Determino a atribuição de financiamento pelo
Fundo Ambiental, no valor de 500 mil euros, mediante protocolo de
colaboração técnica e financeira a celebrar entre o município da Praia
da Vitória e o Fundo Ambiental, para apoiar a operação de renovação da
rede de abastecimento de água à população residente no ‘Bairro
Americano’ em Santa Rita, localizado no município da Praia da Vitória,
na ilha Terceira dos Açores, visando a eliminação da contaminação
detetada por bromato, envolvendo a aquisição dos terrenos”, lê-se no
despacho do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, publicado no dia
06 de dezembro em Diário da República. Em
causa está um bairro construído na década de 1950, em terrenos alugados,
para acolher militares norte-americanos colocados na base das Lajes, na
Praia da Vitória, numa altura em que o parque habitacional da ilha
Terceira tinha uma capacidade limitada.Na
década de 1990, as casas foram vendidas a portugueses, mas os terrenos
nunca chegaram a ser comprados e o diferendo entre moradores e
proprietários arrastou-se durante anos nos tribunais, o que culminou com
o despejo de 13 famílias em 2018.Em
setembro do ano passado, a Câmara Municipal da Praia da Vitória chegou a
acordo com os proprietários para adquirir os terrenos por quatro
milhões de euros, em quatro anos, vendendo posteriormente os lotes às
cerca de 100 famílias que lá residiam, incluindo as 13 despejadas. O
município celebrou o contrato de compra e venda dos terrenos, em março
deste ano, pagando a primeira tranche de 1,1 milhões de euros, e, em
setembro, lançou a primeira pedra da obra de loteamento e de construção
de uma rede pública de água, por um prazo de 450 dias, já que o bairro
ainda era abastecido pela rede da Força Aérea norte-americana na base
das Lajes.O Ministério da Defesa tinha já
assinado, em março de 2018, um protocolo com a Câmara Municipal da Praia
da Vitória, em que garantia que a Força Aérea norte-americana manteria o
abastecimento de água por mais dois anos, comprometendo-se a financiar
15% do custo da obra de construção da nova rede de abastecimento de
água, sendo os restantes 85% financiados por fundos comunitários.A
nova rede pública de água, que abrange não só o bairro, como outras
freguesias do município, está orçada em 2,3 milhões de euros.Questionado
pela Lusa, o presidente do município, Tibério Dinis, disse que estes
500 mil euros dizem respeito não à obra de construção da nova rede de
abastecimento de água, mas à aquisição dos terrenos, onde foram
construídas habitações e arruamentos, porque sem os terrenos estarem na
posse do município não seria possível construir a rede.Esta
é apenas “uma parte dos vários compromissos” do Governo da República,
segundo Tibério Dinis, que estima que o executivo comparticipe
“sensivelmente metade da operação” de legalização do bairro.Se
todas as famílias adquirirem as habitações, o município deverá receber
1,1 milhões de euros dos quatro milhões que pagará aos proprietários dos
terrenos.No despacho, publicado em Diário
da República, o Ministro do Ambiente justifica esta atribuição com o
facto de o bairro de Santa Rita ser abastecido pela rede de água militar
norte-americana da Base das Lajes, que “não possui os padrões de
qualidade exigidos pelo normativo legal e tem vindo a apresentar níveis
muito elevados de bromato, conforme demonstram as análises efetuadas
pela EPAL [Empresa Portuguesa das Águas Livres], que efetuou colheitas
para análise em vários locais do bairro”.“Há
uma área com uma rede de abastecimento de água que tem de ser
substituída e retirada, bem como a existência de contaminação conexa
dessa rede que tem de ser eliminada, a intervenção é imperiosa e urgente
pelo município da Praia da Vitória, o que implica a aquisição e
legalização dos terrenos”, lê-se no despacho.A
contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, provocada pela
Força Aérea norte-americana na base das Lajes, foi identificada em 2005
pelos próprios norte-americanos e confirmada, em 2009, pelo Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que monitoriza desde 2012 o
processo de descontaminação.