Governo da Madeira quer tratamento "atento" e "adaptado" às ultraperiferias
PRR
26 de mar. de 2021, 16:32
— Lusa/AO Online
“Partindo
de uma situação de vulnerabilidade acrescida em função de
constrangimentos como a distância, o isolamento, a pequena dimensão de
mercado e das suas empresas, a Madeira tem sofrido de forma
desproporcionada os efeitos da crise pandémica da Covid-19”, afirmou
Miguel Albuquerque.O governante falava por
videoconferência numa reunião do Bureau Político da Conferência da
Regiões Periféricas e Marítimas da União Europeia (CRPM), do qual é
membro eleito. O chefe do executivo
madeirense destacou que os impactos da pandemia “são muito
significativos a nível económico, financeiro e social”, pelo que é
necessário “garantir um tratamento atento, focalizado e adaptado no
âmbito dos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR)”.“Não
haverá recuperação sustentada se não se tiver em conta as
especificidades e económicas e sociais em cada região e a intensidade
com que se faz sentir a crise”, opinou, acrescentando que a recuperação
nas regiões ultraperiféricas da União Europeia devido a crises externas
“é também mais lenta, em função dos seus constrangimentos”.Miguel
Albuquerque realçou que, “se o crescimento e o emprego estão entre as
preocupações centrais dos PRR, então será devida uma especial atenção às
regiões mais dependentes dos setores mais afetados pela crise como o
turismo, em particular as mais vulneráveis”, como é o caso da Madeira.No
seu entender, é necessário ter também atenção ao setor dos transportes,
“absolutamente crítico”, e “investir no aumento da segurança e da
confiança na deslocação”.Albuquerque
frisou que, “além da dependência óbvia no caso do turismo, questões
básicas como o abastecimento de bens essenciais, designadamente
alimentares e medicamentos, ou o acesso equitativo aos cuidados de saúde
dependem do desempenho deste setor”.O
líder madeirense apontou a elevada dependência deste arquipélago do
setor turístico, o qual representa 26% do Produto Interno Bruto (PIB), e
tem um grande impacto direto e indireto no emprego, “afetado de forma
extrema no contexto da presente crise pandémica”.Para
demonstrar a gravidade da situação, recordou que está estimada uma
quebra do PIB superior a 20% em 2020 (face a uma quebra de cerca de 7,5%
a nível nacional), mencionando que o Governo da Madeira “foi obrigado a
tomar um conjunto de medidas urgentes relativas à resposta sanitária à
pandemia, ao apoio de curto prazo às empresas mais afetadas pela crise e
à manutenção do emprego”.Sobre o papel da
Madeira na definição e implementação do PRR nacional, Miguel
Albuquerque criticou a “tradição muito centralista de Portugal”,
declarando: “Não posso dizer que tenha sido muito fácil o diálogo com as
autoridades nacionais. Não ficámos particularmente satisfeitos com o
resultado das nossas reivindicações”.A
região gostaria, por exemplo, de ter contado com “a melhoria das
infraestruturas portuárias muito expostas aos riscos de catástrofes
naturais e alterações climáticas”, o que “foi negado pelo Governo
central”.Miguel Albuquerque considerou que
“será um exercício muito importante a avaliação da eficácia do PRR, a
qual terá de ter uma ótica regional: de que forma é que se traduziu em
crescimento, emprego e melhoria das condições sociais nas regiões da
União Europeia, em particular das mais vulneráveis à crise pandémica,
como as regiões ultraperiféricas, para perspetivar devidamente os
desafios futuros que terão de enfrentar”. O
Plano de Recuperação e Resiliência, que Portugal apresentou para aceder
às verbas comunitárias para fazer face às consequências da pandemia de
covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, do
clima e digitalização, correspondentes a um total de 13,9 mil milhões de
euros de subvenções.Miguel Albuquerque
referiu que a Madeira vai receber ao abrigo do PRR 561 milhões de
euros a fundo perdido, mais 79 milhões de euros da reprogramação de
fundos comunitários e 130 milhões de euros para as empresas, num total
de 770 milhões de euros.