Governo da Madeira evoca revolta de 1931 e diz que autonomia ainda não é plena
4 de abr. de 2022, 14:06
— Lusa/AO Online
“Todos
os anos assinalamos um momento que faz parte da história da região, em
que se procurava já afirmar os nossos princípios autonómicos, e não
devemos perder as nossas memórias, até porque essas conquistas ainda não
são plenas”, disse o secretário da Educação, Jorge Carvalho. O
governante falava no ato comemorativo da Revolta da Madeira, em que as
autoridades regionais – Assembleia Legislativa, Governo Regional e
Câmara Municipal do Funchal – depositaram ramos de flores no monumento
que evoca a sublevação, na Rotunda do Largo Charles Conde de Lambert,
nos arredores da capital madeirense.“Existem
ainda situações que a população da Região Autónoma da Madeira procura
otimizar”, disse Jorge Carvalho, reforçando que “assinalar os 91 anos da
Revolta da Madeira é relembrar também essas condicionantes que ainda
hoje são limitadoras” da afirmação enquanto povo.O
secretário da Educação participou na cerimónia em representação do
presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que se encontra
ausente da região, em visita aos Estados Unidos da América. Jorge
Carvalho apontou como exemplo das condicionantes da afirmação da
autonomia questões como a revisão da Lei das Finanças Regionais, o
princípio da continuidade territorial e o exercício das funções da
República no arquipélago. “Nós continuamos
a manter uma dialética de afirmação da autonomia, mas também da
população da região naquilo que é o desempenho de uma atividade que se
quer plena na sua cidadania”, declarou. O
governante insular disse ainda que o aprofundamento da autonomia é um
processo “contínuo” e “evolutivo”, vincando que a evocação da Revolta da
Madeira é também uma forma de afirmar esses princípios. A
efeméride lembra o levantamento militar contra o governo da ditadura
nacional, iniciado na madrugada de 04 de abril de 1931, envolvendo
forças do Destacamento de Caçadores 5, Metralhadoras 1, Regimento de
Infantaria 13 e Artilharia 3.Este
movimento contra o regime do Estado Novo de Oliveira Salazar foi
liderado por militares que se encontraram deportados na região e durou
cerca de um mês.Os revoltosos destituíram
as autoridades militares e civis da ilha e nomearam uma Junta
Governativa, liderada pelo general Sousa Dias. A
sublevação na Madeira foi a primeira contra a ditadura nacional e gerou
revoltas semelhantes nos Açores e na Guiné, tendo sido debelada com a
intervenção de um contingente militar e naval enviado do continente.Dois
meses antes da revolta militar tinha já ocorrido um levantamento
popular, denominado Revolta da Farinha, contra medidas económicas e
financeiras, nomeadamente um decreto de Salazar que impunha a
centralização estatal do comércio de cereais.