Governo da Madeira diz que habitação ocupa “lugar central” no Orçamento, oposição contesta
18 de jul. de 2024, 17:38
— Lusa/AO Online
“Por todas as razões
conhecidas, a habitação ocupará neste Orçamento um lugar central e de
relevo. Pretendemos, na verdade, continuar a desenvolver uma política
personalista e interclassista”, afirmou Pedro Fino.O
governante realçou que estão em construção mais de 600 habitações, em
todos os concelhos, que serão atribuídas, “na sua grande maioria, às
famílias inscritas no Programa Renda Reduzida” ainda este ano, referindo
também que serão lançados este ano os concursos para a construção de
mais 200 fogos, cuja conclusão e atribuição está prevista para 2026.Pedro
Fino falava na Assembleia Legislativa, no debate na especialidade das
propostas do Orçamento Regional e do Plano de Investimentos para 2024
sobre os setores que tutela, aos quais foram alocados 394 milhões de
euros, dos quais 342 milhões são para investimentos.O
secretário regional destacou igualmente que serão lançados este ano “os
concursos, ao abrigo do Programa Casa Própria, de incentivo à
construção de habitações por promotores privados ou por cooperativas,
limitando o valor de venda das habitações”.“E,
em paralelo, continuaremos a apoiar as famílias no arrendamento, na
aquisição, no pagamento do crédito à habitação, bem como na reabilitação
das habitações próprias e permanentes”, frisou.Na
sua intervenção inicial, Pedro Fino destacou também a continuidade das
construções do Hospital Central e Universitário da Madeira, da Unidade
Local de Saúde do Porto Santo, da nova Sala de Concertos e da Marina do
Funchal. No que diz respeito à mobilidade
terrestre, salientou que o executivo vai continuar “a desenvolver o novo
sistema de gestão de transportes, dotando esta rubrica de um
investimento de 36 milhões de euros”, e a renovar a rede regional de
estradas. Durante o debate, os partidos
com assento no parlamento da Madeira – PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, IL e
PAN – questionaram o secretário sobre as diversas áreas que tutela, com
a oposição a tecer um conjunto de críticas à atuação do executivo
social-democrata minoritário.Pelo PS, o
maior partido da oposição, a deputada Isabel Garcês salientou que a
região apresenta “graves problemas de habitação”, considerando que, se o
Governo Regional “insistir neste rumo”, os jovens vão continuar a sair
da Madeira. A socialista defendeu um
“aumento dos apoios ao arrendamento” e apelou ao Governo Regional para
apoiar a proposta do PS que propõe que seja dada garantia pública ao
financiamento do crédito à habitação para cidadãos que tenham no máximo
40 anos.Por seu turno, o eleito do JPP
Paulo Alves apontou que a construção de habitações a custos controlados
deixará, ainda assim, “de fora cerca de 3.500 pessoas”. Hugo
Nunes, do Chega, considerou que a aposta na habitação deveria ser uma
prioridade do executivo regional e defendeu que é necessário regular os
preços do arrendamento, atualmente "exorbitantes".Pelo
PAN, a deputada única, Mónica Freitas, alertou para um conjunto de
“impactos ambientais negativos” que a construção do campo de golfe da
Ponta do Pargo, concelho da Calheta, poderá causar.Por
outro lado, numa intervenção irónica, Nuno Morna, da IL, criticou a
construção da nova Sala de Concertos do Funchal, “num buraco ao lado de
uma ETAR” e da lota, apelando aos visitantes para que “levem um bom par
de tampões para os ouvidos e uma máscara para o nariz”.Na
quarta-feira, o parlamento madeirense aprovou na generalidade as
propostas de Orçamento e de Plano de Investimentos da região para 2024,
com 21 votos a favor do PSD e do CDS-PP e dez votos contra do JPP e IL. O
PS, o Chega e o PAN, num total de 16 deputados, abstiveram-se.As
propostas de Orçamento, no valor de 2.195 milhões de euros, e de Plano
de Investimentos (PIDDAR), orçado em 877,9 milhões, são as primeiras
apresentadas por um governo minoritário do PSD e previamente negociadas
com partidos da oposição, no âmbito da elaboração do Programa do
executivo para a legislatura 2024-2028.A votação final global está marcada para sexta-feira, após o debate na especialidade.O
parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS,
nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN. O
PSD assinou um acordo parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda
assim, para conseguir a maioria absoluta.