Governo da Madeira defende revisão do subsídio social de mobilidade
7 de mai. de 2024, 15:26
— Lusa
“Vamos
estabelecer contactos com o Governo [da República] no sentido de
equacionarmos, também com o Açores, qual é a melhor solução”, disse,
defendendo que deveria “haver um fundo por parte do Estado que
garantiria a todos os residentes que quisessem viajar o pagamento do
valor facial [da passagem com subsídio].”Miguel
Albuquerque, que falava à margem de uma visita à escola do 1.º ciclo do
Estreito de Câmara de Lobos, concelho de Câmara de Lobos, na zona oeste
da Madeira, reagia ao facto de a Polícia Judiciária (PJ) ter detido
hoje cinco pessoas e feito 71 buscas numa operação focada na Região
Autónoma da Madeira e na área metropolitana de Lisboa, que visou uma
fraude ao Estado através do subsídio social de mobilidade.O
Subsídio Social de Mobilidade entrou em vigor em setembro de 2015,
quando os residentes na Madeira passaram a pagar 86 euros e os
estudantes 65 euros nas ligações ida e volta para o território
continental e 119 para os Açores, valor que pode ser acrescido se
exceder o teto máximo passível de reembolso, que é 400 euros. De
acordo com o comunicado da PJ, as buscas domiciliárias e não
domiciliárias ocorreram em Lisboa, Loures e na Madeira, em especial nos
concelhos do Funchal, de Santa Cruz e de Câmara de Lobos, e constituíram
uma segunda iniciativa na Operação Rota do Viajante, cujo inquérito
está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de
Loures.“A investigação apurou que os
arguidos, com o objetivo de obterem avultados proveitos económicos
ilegítimos, decidiram desenvolver um esquema criminoso com o objetivo de
obterem lucros ilegítimos através do subsídio social de mobilidade,
relacionados com centenas de viagens inexistentes, no valor global de
reembolsos indevidos superior a meio milhão de euros”, lê-se na nota
divulgada pela PJ.A PJ esclareceu ainda
que o plano destes elementos passava pela “angariação de residentes” da
Madeira, “a quem eram fornecidos documentos necessários ao levantamento
deste subsídio e previamente falsificados, como passagens áreas,
bilhetes e reservas, faturas e recibos”. Depois,
essas pessoas eram acompanhadas por elementos da rede criminosa e
apresentavam a documentação em estações dos CTT no continente para
receber o reembolso do Estado.Ainda
segundo o presidente do Governo Regional, o Estado deveria criar um
esquema semelhante ao já implementado pelo executivo madeirense para os
estudantes universitários, através de um fundo que garante apenas o
pagamento facial da passagem subsidiada – 65 euros.Miguel
Albuquerque disse, por outro lado, que nenhuma secretaria do Governo
Regional foi alvo de buscas hoje no âmbito da operação da PJ. “Até agora, não”, garantiu. A
Judiciária indicou que os cinco detidos têm entre 23 e 55 anos e vão
ser presentes a um juiz no tribunal de instrução criminal de Loures para
conhecerem as medidas de coação neste processo, no qual já existe um
arguido em prisão preventiva.Na nota, a PJ
lembrou ainda a realização de “diversas operações policiais” nos
últimos cinco anos para o desmantelamento de “redes criminosas dedicadas
à utilização fraudulenta do subsídio social de mobilidade” na Madeira e
nos Açores, que já terão lesado o Estado em mais de seis milhões de
euros.