Governo da Madeira com queda anunciada por moção de censura
17 de dez. de 2024, 09:34
— Lusa/AO Online
A 6 de
novembro, o líder parlamentar do Chega/Madeira, Miguel Castro, entregou
uma moção de censura ao XV Governo Regional, na Assembleia Legislativa,
justificando a iniciativa com os processos judiciais que colocaram sob
suspeição o presidente do executivo e quatro secretários regionais, que
foram constituídos arguidos em casos distintos.A
moção tem aprovação anunciada em plenário caso os principais partidos
da oposição (PS, JPP e Chega, que juntos têm maioria absoluta) mantenham
a decisão anunciada de votarem a favor.Esta
votação provoca a queda do Governo Regional do PSD, minoritário, que
surgiu das eleições legislativas antecipadas realizadas a 26 de maio
deste ano e que está em funções desde 6 de junho.A
confirmar-se, a aprovação da moção de censura será histórica, já que é a
primeira vez que um Governo Regional do PSD, partido que governa o
arquipélago há quase 50 anos, é derrubado pela utilização deste
instrumento pelos deputados.De acordo com o
Estatuto Político-Administrativo da Madeira, no seu artigo n.º 62, “a
aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções” implica a demissão do Governo Regional e, em
caso de demissão, os membros do executivo cessante “permanecem em
funções até à posse do novo governo”.“Após
a sua demissão, o Governo Regional limitar-se-á à prática dos atos
estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos
da região”, especifica o Estatuto.Neste caso, a realização de novas eleições legislativas regionais antecipadas é um dos cenários mais prováveis.A
discussão da moção de censura acontece uma semana após as propostas de
Orçamento Regional e Plano de Investimentos para 2025 terem sido
chumbadas com os votos contra de PS, JPP, Chega, IL e PAN, num total de
26 votos, num universo de 47 deputados que compõem o parlamento insular.Contudo,
a rejeição destas propostas não tem como consequência a queda do
Governo Regional, que pode continuar em funções, gerindo as ilhas em
regime de duodécimos.O parlamento regional
é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do
Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.O
PSD assinou um acordo parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda
assim, para conseguir a maioria absoluta (somam 21 eleitos, mas são
necessários 24), mas que manteve o centrista José Manuel Rodrigues no
cargo de presidente da Assembleia Legislativa.Miguel Albuquerque está à frente do Governo Regional da Madeira desde 2015, ano em que substituiu no cargo Alberto João Jardim.Depois
de em 2019 o PSD ter feito um acordo pós-eleitoral com o CDS para
garantir a maioria absoluta e de, em 2023, já com estes dois partidos a
ganhar as regionais coligados, essa meta ter sido alcançada com um
acordo entre o PSD e o PAN, este é o primeiro mandato em que os
sociais-democratas não têm apoio maioritário no plenário.As
eleições antecipadas de maio aconteceram depois de Miguel Albuquerque
ter sido constituído arguido num processo sobre corrupção e se ter
demitido, após o PAN lhe retirar a confiança, no início deste ano.