Governo da Catalunha pede "mediação internacional" e exige saída de polícias
2 de out. de 2017, 12:36
— Lusa/AO online
Após uma
reunião extraordinária do executivo catalão convocada na sequência dos
acontecimentos ocorridos este domingo na Catalunha, em que, segundo a
Genaralitat, 893 pessoas foram feridas nas cargas policiais, Puigdemont
denunciou os “graves atos de violência” protagonizados por “comandos de
medo” da Polícia Nacional e da Guardia Civil deslocadas para todo o
território da Catalunha. O governo catalão decidiu “exigir a
retirada de todas as forças policiais enviadas para a Catalunha para
esta repressão”, declarou, numa conferência de imprensa.Carles Puigdemont voltou a defender a necessidade de uma “mediação internacional” para o conflito.“Precisamos da presença de uma terceira parte, que deve ser internacional para ser eficaz”, sustentou.O
governante considerou que a mediação internacional pode ter origem em
distintos fóruns especializados na resolução de conflitos, mas disse ser
“evidente” que a União Europeia “deve apadrinhar” este processo.Para
Puigdemont, a UE tem de “deixar de olhar para o outro lado” perante o
que disse serem as “violações” da carta europeia de direitos
fundamentais, alegando que a questão já não é só um assunto interno, mas
“um assunto europeu”.Insistiu que “o resultado do referendo
vincula” o governo regional, mas acrescentou: “Nós queremos entender-nos
com o Estado espanhol”.“O Governo remete os resultados, invoca a lei do referendo e o parlamento toma as decisões”, disse o governante.Carles Puigdemont adiantou que o governo catalão, que se reuniu hoje, “não decidiu declarar a independência”. “Se houver mediação, falamos sobre tudo e, se não, também explicámos o que se passará”, referiu.Na sua declaração, o responsável do executivo regional disse ainda desejar a instauração de um “ambiente mais descontraído”. O
governo catalão anunciou que apoia a greve geral convocada para
terça-feira na Catalunha, pelo que não realizará a sua reunião habitual
das terças-feiras. “A greve geral ajuda a reforçar o que fizemos
no domingo e o que faremos nos próximos dias. Deve servir para mostrar o
nosso empenho cívico”, considerou. Hoje de manhã, o presidente
da Generalitat, além de outros governantes catalães, e a presidente da
câmara de Barcelona, Ada Colau, encabeçaram uma concentração com
centenas de pessoas, na capital catalã, para protestar contra as cargas
policiais de domingo. Os manifestantes receberam os dirigentes
com aplausos e gritos, como “Votámos”, “Independência”, “Não temos medo”
ou “Somos gente pacífica, só queríamos votar”. O departamento de
saúde da Generalitat elevou para 893 o número de pessoas que ficaram
feridas ou sofreram contusões como consequência da intervenção das
forças de segurança para impedir o referendo. Dos feridos, quatro
permanecem hospitalizados, dos quais dois em estado grave – um que foi
atingido com uma bala de borracha num olho e outro que sofreu um
enfarte.O referendo de domingo sobre a independência da Catalunha
foi marcado pela intervenção da polícia espanhola, que tentou encerrar
alguns centros eleitorais, numa ação que teve momentos muito violentos,
que passaram nas televisões de todo o mundo.O governo regional
(Generalitat) anunciou na madrugada de segunda-feira que 90% dos
catalães votaram a favor da independência no referendo, tendo exercido o
direito de voto 42 por cento dos 5,3 milhões de eleitores.A
consulta popular foi marcada pela Generalitat, dominada pelos
separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal
Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.