Governo dá 30 dias a comissão para fixar critérios de indemnizações
21 de out. de 2017, 13:05
— AO/Lusa
Esta resolução foi anunciada por
Francisca Van Dunem após ter sido aprovada em reunião extraordinária do
Conselho de Ministros, em São Bento, Lisboa.A ministra da Justiça
afirmou que o mecanismo extrajudicial de compensação relativo às
vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande (junho) e do passado domingo e
segunda-feira terá uma adesão voluntária por parte dos familiares e
herdeiros das vítimas."É para nós desejável que as famílias
recebam o mais depressa possível", declarou Francisca Van Dunem,
adiantando, contudo, que não pode prever neste momento uma data exata
sobre o momento em que as indemnizações começarão a ser pagas.De
acordo com a governante, o modelo agora aprovado para a atribuição das
indemnizações pelas vítimas dos incêndios foi “consensualizado com os
familiares das vítimas e com os seus juristas”.Francisca Van
Dunem explicou também que a comissão será constituída por membros da
associação dos familiares das vítimas, do Conselho de Magistratura e do
Conselho de Reitores, que terão como objetivo a definição dos critérios
para atribuição das compensações e a elaboração do formulário para o
requerimento das mesmas.Numa segunda fase, o processo caberá à
Provedoria da Justiça, que “está disponível” no que respeita a meios e
recursos para assegurar o processo de fixação dos montantes
indemnizatórios para os familiares das vítimas que o venham a requerer,
adiantou a ministra.Perante os jornalistas, a titular da pasta da
Justiça frisou que ainda não é possível avançar com uma estimativa do
valor das indemnizações a pagar pelo Estado aos familiares e herdeiros
das vítimas, alegando que tal variará de acordo com o número de
requerentes.“Terão sempre cabimento orçamental, existem sempre
verbas para assumir as responsabilidades do Estado no que diz respeito
às indemnizações”, frisou Francisca Van Dunem.Questionada sobre
se o processo não poderia ser mais célere, a governante defendeu que a
atribuição das compensações será “o mais breve possível” e que um modelo
“mais concreto” do que o que foi hoje aprovado pelo executivo “é
difícil”.“A grande preocupação do Governo é tornar estes processos o mais rápido possível”, reforçou.Francisca
Van Dunem sublinhou ainda que o processo extrajudicial aprovado pelo
Governo contará com o apoio da Ordem dos Advogados e das autarquias,
particularmente no que respeita a pessoas com dificuldades de
deslocação.As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o
pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e
cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.Os
fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a
cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e
Centro. Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com
mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em
que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a
contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se
ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.