Governo cria gabinete de segurança na saúde para problemas de violência contra profissionais
7 de jan. de 2020, 13:25
— Lusa/AO Online
O gabinete, que
entra já em vigor, é “uma estrutura que encontra paralelo naquilo que já
existe no Ministério da Educação para a segurança escolar e que terá
uma função de apoio técnico ao Ministério da Saúde nesta área para que
possamos ter uma abordagem mais sistemática dos problemas da violência
contra os profissionais de saúde”, disse a ministra da Saúde, Marta
Temido, no final de uma reunião com o ministro da Administração Interna,
Eduardo Cabrita.O ministro da
Administração Interna anunciou que o Ministério da Administração Interna
(MAI) irá colocar um oficial das forças de segurança junto do gabinete
da ministra da Saúde.Segundo Eduardo
Cabrita, o oficial de segurança irá coordenar a avaliação das “áreas de
maior risco”, já identificadas, e irá proceder também “à avaliação das
características físicas numa perspetiva de segurança de algumas
instalações de saúde, fundamentalmente de hospitais e, se necessário, de
centros de saúde, para que sejas dadas as recomendações adequadas que
permitam melhorar as condições de segurança dos profissionais e para os
utentes dos serviços de saúde”.Marta
Temido disse esperar que, com esta estrutura, se consiga ter
“intervenções mais pró-ativas de formação dos profissionais de saúde
para lidar com episódios deste tipo” e “um diagnóstico daquilo que sejam
as eventuais insuficiências ou falhas” das instalações físicas em
termos de proteção de quem nelas trabalha.Espera
ainda que permita ter também “o aconselhamento em estratégias
preventivas e de instituição de uma cultura de não tolerância face às
ações de violência contra os profissionais de saúde para garantir que
estão a trabalhar em segurança”.O objetivo
é que os profissionais não sejam vítimas de “nenhum tipo de agressão,
seja física ou verbal” e que os locais onde trabalham sejam “totalmente
seguros” e por isso o Ministério da Saúde conta com a colaboração do MAI
“para ter não apenas anúncios de medidas pontuais, mas uma cultura de
intolerância face à violência”, nomeadamente “daqueles que estão a
cuidar de outras pessoas”, disse Marta Temido.“Portanto,
não falamos só de botões de pânico, não falamos só de segurança das
instalações físicas, não falamos só de formação dos profissionais de
saúde para lidarem com estes eventos adversos, vamos instalar uma
unidade que nos garante que esta preocupação é constante em todo o ciclo
de gestão das nossas organizações de saúde”, vincou. Eduardo
Cabrita salientou, por seu turno, que o MAI está também disponível
para, “num quadro de uma avaliação rigorosa de situações de risco
efetivo, ajustar a sua resposta de meios àquilo que sejam as
necessidades de reforço de segurança nalgumas estruturas de saúde”.“A
experiência que nós temos num quadro muito diferente de presença
territorial, mas que nós temos da Escola Segura, é uma boa experiência
de trabalho que temos com o Ministério da Educação que foi reforçada nos
últimos dois anos e que tem dado bons resultados”, sublinhou o ministro
da Administração Interna. Agora esta resposta vai ser estruturada em ligação direta com o gabinete da ministra da Saúde, referiu. Eduardo
Cabrita e Marta Temido destacaram a importância de os responsáveis
pelas estruturas de saúde comunicarem de imediato os casos às forças de
segurança para haver uma resposta imediata, mas também para a definição
de um padrão de risco.A reunião entre os
dois ministros, que decorreu no MAI e demorou cerca de uma hora, teve
como objetivo analisar os episódios recentes de violência e estudar
novas medidas para garantir a melhoria da segurança de todos os
profissionais que trabalham nas unidades de saúde. Os
últimos dados disponíveis indicam que nos primeiros nove meses de 2019
foram reportados 995 casos na plataforma criada pela Direção-Geral da
Saúde, envolvendo vários grupos profissionais.
Em 2018, foram comunicados 953 casos, refere o comunicado, adiantando
que “as injúrias são o principal tipo de notificação, representando
cerca de 80% do total”.