Governo contesta aumento da eletricidade e "trabalha" para revisão dos preços
10 de fev. de 2023, 15:27
— Lusa/AOonline
"Eu
também me junto à critica do aumento da tarifa energética que,
naturalmente, não foi uma indicação do Governo, nem sequer da elétrica
dos Açores (EDA), é uma imposição da entidade reguladora", afirmou José
Manuel Bolieiro, em declarações aos jornalistas, após uma visita à
conserveira Cofaco, localizada na vila de Rabo de Peixe, no concelho da
Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.Esta
semana os empresários alertaram para os impactos "significativos" na
atividade das empresas resultantes do aumento dos custos da energia,
lamentando que a nível regional "ainda não tenham sido adotadas" medidas
mitigadoras.Questionado sobre as
preocupações dos empresários, José Manuel Bolieiro sustentou que o
executivo regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, continua "a contestar e
a trabalhar para que haja uma revisão destes preços"."Apoios
específicos para o aumento da energia, neste momento, o Governo não
tem. Estamos a fazer por estas outras vias indiretas e a acompanhar
aquela que vai ser a decisão da ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos] quanto ao próximo futuro", sublinhou.O
presidente do Governo dos Açores assinalou a existência nos Açores do
programa SOLENERGE, de apoio para instalação de painéis fotovoltaicos, e
que também constitui "uma oportunidade" para diminuir os custos de
fatores de produção.Bolieiro recordou que
enviou, no início deste ano, "em associação com o presidente do Governo
da Madeira", uma carta ao primeiro-ministro e ao ministro da Economia
para atuação quanto aos "aumentos exorbitantes" dos preços da
eletricidade, especialmente no que diz respeito à "baixa e média
tensão"."Esta governação nunca foi reativa
em matéria de controlo dos movimentos inflacionistas ou da tendência
dos aumentos dos fatores de produção. Fomos sempre preventivos e
interventivos e por isso já estamos a trabalhar", reforçou.O
chefe do executivo referia-se, ainda, ao Mecanismo de Apoio ao
Incremento dos Salários (MAIS), que atribui 174 euros por trabalhador,
em caso de aumento do salário mínimo ou médio.O
presidente do Governo dos Açores vincou que aquela "solução do
incremento salarial" também tem em vista "desonerar custos" e colocar
"liquidez na economia" quanto ao impacto do sobrecusto da fatura
energética."Estamos a dar aqui um apoio
público para estimular este percurso de produtividade, melhoria de
rendimentos, num momento de esforço dos empregadores face ao sobrecusto
dos fatores de produção, sejam eles energéticos ou outros", disse.Bolieiro
referiu que a conserveira é também "uma empresa que se pode candidatar"
ao MAIS, acrescentando que, "a partir da meia-noite", as empresas
açorianas podem candidatar-se, via plataforma disponível na internet.A
conserveira Cofaco, em São Miguel, conta com 256 trabalhadores, das
quais 80% são mulheres, e estão em greve às horas extraordinárias dois
dias por semana, em luta pela progressão nas carreiras até 28 de abril,
às segundas e sextas-feiras.Questionado
sobre as reivindicações salariais das funcionárias da Cofaco, o
presidente do Governo Regional disse ter notado "uma paz social na
fábrica e um índice de produtividade". "Pela
parte da política pública regional estamos a dar mecanismo para
incremento salarial, outras negociações são feitas no quadro da
concertação social e o meu estímulo é que haja com a paz social um
diálogo", sustentou.