Governo considera moção do CDS-PP "estratagema" contra o PSD
24 de out. de 2017, 18:02
— Lusa/AO online
Para o ministro da
Agricultura, esta moção de censura "tratou-se de um mero estratagema
político para utilizar o parlamento e, através dele, procurar chamar a
atenção do país para a competição entre o PSD e o CDS-PP pela liderança
da direita portuguesa". "Por esta via, o CDS apenas procura
tirar proveitos próprios com a cumplicidade alegre e inexplicável do
principal partido a quem a moção é verdadeiramente dirigida", disse
Capoulas Santos, na sessão de encerramento do debate da moção de censura
ao Governo apresentada pelo CDS-PP, na sequência dos incêndios da
semana passada, que já provocaram 45 mortos. No plano político,
Capoulas Santos referiu também que o CDS-PP, logo após as eleições
autárquicas, "tendo obtido apenas 2,6%, não se coibiu de reclamar
vitória e até de se assumir como alternativa ao Governo".
"Acresce o facto de o seu único parceiro de Governo - o PSD - se
encontrar sem liderança e num momento de disputa interna, que se
prolongará por vários meses, o que diz tudo sobre as reais intenções
desta moção", sustentou o titular da pasta da Agricultura. Na
sua intervenção, Capoulas Santos apontou os "sucessivos apelos" feitos
pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que haja um
amplo consenso nacional em torno dos temas da reforma da floresta e dos
modelos de prevenção e combate aos incêndios. Depois de defender
que o executivo socialista também quer alcançar esse consenso, vincou
que "muito antes de se imaginar a tragédia como a que ocorreu em
Pedrógão Grande", em junho passado, o Governo "encetou a tarefa de pôr
em execução, com uma visão de longo prazo, uma profunda reforma da
floresta logo em meados de 2016". "Foram realizados dois
conselhos de Ministros extraordinários exclusivamente dedicados à
reforma da floresta, o que, suponho, aconteceu pela primeira vez na
história da nossa democracia. E abriu-se um período de discussão pública
alargada sobre o tema, durante três meses, durante o qual o CDS-PP e o
PSD estiveram totalmente ausentes", criticou. Depois, Capoulas
Santos referiu-se à ação da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, na
fase em que foi ministra com a pasta da Agricultura no executivo
liderado por Pedro Passos Coelho. "Tenho algum pudor, pelas
funções que desempenho, de explicitar factos concretos sobre as ações e
as omissões em termos de política florestal da responsabilidade do
anterior Governo e, particularmente, da autora da moção de censura, que é
simultaneamente líder do partido que a promove", afirmou. Para
Capoulas Santos, "se há partido ou deputado que se deveria abster de
trazer este tema a debate, sob esta forma e no atual contexto, é
precisamente o CDS-PP e a deputada que é sua presidente", Assunção
Cristas.