Governo canadiano de Justin Trudeau sobrevive a moção de censura
26 de set. de 2024, 10:37
— Lusa/AO Online
Após
um debate, 211 deputados votaram contra a moção
do Partido Conservador e 120 a favor, evitando o desencadeamento de
eleições legislativas antecipadas, neste país do G7 com 41 milhões de
habitantes.A moção de censura apresentada
pela oposição conservadora, que está bem à frente nas sondagens, surgiu
depois de Justin Trudeau ter perdido há algumas semanas o apoio do seu
principal aliado de esquerda, que pôs fim ao acordo político que o
apoiava.O líder conservador Pierre
Poilievre criticou duramente o Governo de
Trudeau, acusando o primeiro-ministro de ser incapaz de lidar com o
aumento do custo de vida, a crise imobiliária e a criminalidade, ao
mesmo tempo que a dívida nacional duplica.Poilievre
garantiu que, caso seja eleito primeiro-ministro, vai implementar “um
plano sensato para eliminar a fixação de preços sobre as emissões de
carbono” e que iria “construir casas, corrigir o orçamento e acabar com o
crime”.No poder há cerca de dez anos, o
Partido Liberal de Justin Trudeau tem sofrido reveses políticos desde o
início do verão, enquanto as eleições legislativas estão previstas
apenas no final de outubro de 2025.Mas
para esta moção de censura no Parlamento, os conservadores não
conseguiram obter o apoio dos outros dois partidos da oposição,
necessário para derrubar o Governo. Os
conservadores anunciaram a sua intenção de apresentar uma segunda moção
de censura na quinta-feira, cuja votação terá lugar na próxima semana.O
Bloco Quebequense, um partido independentista, ameaçou deixar de
apoiar os liberais de Justin Trudeau a partir de 29 de outubro, se dois
projetos de lei que propôs não forem adotados até lá.De
acordo com uma sondagem realizada na semana passada, os conservadores
estão bem à frente dos liberais, com 45% de intenções de voto a nível
nacional contra 25%.A maioria dos
analistas acredita que o Governo de Trudeau deverá conseguir resistir
até à primavera de 2025 porque os pequenos partidos precisam de tempo
para se prepararem para novas eleições e, tradicionalmente, o país não
realiza eleições no inverno, por causa do clima.Mas
Geneviève Tellier, politóloga e especialista em política federal,
observou à agência France-Presse (AFP) que “pode haver surpresa” e que
“tudo é possível”.“Será mais difícil para o Governo governar, porque terá menos controlo sobre o programa legislativo”, sublinhou.