Autor: Lusa/AO Online
"Isto não é o que o nosso país representa. Não é britânico ter tão pouco respeito pelos outros", escreveu o líder trabalhista no jornal The Times, enquanto estas manifestações estão previstas em Londres e em várias cidades do Reino Unido.
Estudantes de várias universidades planeiam manifestar-se em vários pontos do Reino Unido e participar em eventos e debates para expressar a sua condenação à guerra na Faixa de Gaza e solidariedade com os habitantes de Gaza.
Em Londres, alunos das universidades London School of Economics (LSE), King's College, University College London e SOAS planeiam uma marcha conjunta a partir das 14:00.
Starmer, cuja mulher é judia, afirmou que nas manifestações pró-palestinianas, muito frequentes no Reino Unido desde o início da guerra em Gaza, "alguns exercem a sua liberdade de protestar contra o Governo israelita, mas outros usam isso como uma desculpa desprezível para atacar os judeus britânicos".
A ministra da Educação, Bridget Phillipson, a líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, e a diretora da organização Universities UK, Vivienne Stern, juntaram-se na condenação aos protestos.
O governo britânico anunciou no domingo a intenção de dar poderes à polícia para impor restrições a certas manifestações, mencionando em particular os protestos pró-palestinianos que suscitam "grandes receios" na comunidade judaica.
Após o ataque à sinagoga de Manchester em 02 de outubro, o governo já havia pedido o adiamento das manifestações pró-palestinianas, temendo que elas "inflamassem as tensões".
Mas cerca de mil manifestantes reuniram-se no sábado em Londres em apoio à organização proibida Palestine Action, classificada como "terrorista" pelo governo.
Num comunicado publicado, por ocasião do segundo aniversário do 7 de outubro, Keir Starmer mostrou-se preocupado com o aumento do antissemitismo no Reino Unido.
"Desde aquele dia terrível, muitas pessoas viveram um verdadeiro pesadelo", disse, prometendo que "este país vai permanecer sempre unido e de pé contra aqueles que semeiam o mal e o ódio contra as comunidades judaicas".
Na quinta-feira passada, dia da festa judaica do Yom Kippur, um britânico de origem síria atropelou com o seu carro fiéis que se dirigiam à sinagoga de Heaton Park, em Manchester, antes de os atacar com uma faca.
Dois homens de religião judaica foram mortos, um dos quais atingido por um tiro da polícia que tentava neutralizar o agressor.
No sábado, houve um incêndio criminoso, sem vítimas, contra uma mesquita no sul da Inglaterra.
No domingo, cerca de 3.000 pessoas reuniram-se no centro de Londres para uma comemoração do dia 07 de outubro, empunhando bandeiras israelitas e britânicas e cartazes com as fotografias de reféns.
O ataque do Hamas em outubro de 2023 causou a morte de 1.219 pessoas, principalmente civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas.
Das 251 pessoas feitas reféns naquele dia, 47 ainda estão em Gaza, das quais 25 morreram, de acordo com o exército israelita.
A retaliação militar israelita matou pelo menos 67.160 palestinianos, de acordo com números do Ministério da Saúde no território controlado pelo movimento islamita Hamas, que as Nações Unidas consideram fiáveis.