Governo britânico apresenta hoje programa com ‘Brexit’ em destaque
19 de dez. de 2019, 10:58
— Lusa/AO Online
A
cerimónia, marcada para as 11h30 locais e
designada por "Discurso da Rainha" porque é a monarca, Isabel II, a ler o
texto escrito pelo governo, marca a abertura oficial do parlamento após
as eleições legislativas de 12 de dezembro. É
a segunda vez que se realiza este ano, pelo que o protocolo será mais
discreto, com a rainha transportada por um automóvel em vez da habitual
carruagem dourada e a ausência da coroa, que vai permanecer no cofre da
Torre de Londres.O governo já anunciou que
pretende avançar com a Proposta de Lei que vai regular e implementar o
Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE) logo no dia
seguinte, embora ainda seja incerto se o presidente da Câmara dos
Comuns, Lindsay Hoyle, vai permiti-lo, pois o parlamento normalmente não
funciona às sextas-feiras. A votação na
generalidade permite avançar com o processo para o debate na
especialidade e depois para a Câmara dos Lordes com o objetivo de
concluir o processo de aprovação e possibilitar que o texto seja
ratificado pelo Parlamento Europeu antes do prazo de 31 de janeiro. O
governo também pretende aproveitar o Discurso da Rainha para apresentar
um pacote de medidas de investimento no serviço nacional de saúde (NHS,
na sigla em inglês), na educação, infraestruturas e combate ao crime.Duas
das principais propostas de lei assumem o compromisso de financiar o
NHS com mais 33,9 mil milhões de libras (40 mil milhões de euros) por
ano até 2023/24 e acelerar a atribuição de vistos de trabalho a médicos,
enfermeiros e profissionais de saúde qualificados com uma ofertas de
emprego no NHS. A especialista em
governação, Jill Rutter, acredita que o programa será sobretudo
simbólico, com leis sobre prioridades governativas, pois muitas decisões
vão estar dependentes do orçamento previsto para fevereiro e de uma
revisão da despesa orçamental, que deverá ter em conta o impacto
orçamental do ‘Brexit'. "Até agora, ele
[Boris Johnson] não governou, o que vimos nos últimos quatro meses foi
basicamente uma campanha conduzida a partir de Downing Street
[residência do primeiro-ministro], como raras decisões tomadas por
necessidade. Por isso, está tudo em aberto", afirmou. O
diretor do instituto académico "UK in a Changing Europe", Anand Menon,
também concorda que Boris Johnson mantém alguma ambiguidade sobre qual
vai ser o seu estilo governativo e sobre que tipo de ‘Brexit' vai
negociar, mas a vantagem é que tem agora uma maioria absoluta. O
partido Conservador ganhou as eleições legislativas com 365 deputados,
contra 202 do Partido Trabalhista, 47 do Partido Nacionalista Escocês,
11 dos Liberais Democratas e 36 dos restantes partidos."O que parece claro é que ele pode fazer o que quiser porque não vai ter problemas com estes deputados", afirmou Menon.