Governo aprova plano nacional para aplicar Pacto Global
Migrações
1 de ago. de 2019, 14:25
— Lusa/AO Online
Depois
de uma reunião do Conselho de Ministros, o governante salientou que
Portugal é “um dos primeiros países do mundo” a aprovar um plano
nacional para aplicar este documento internacional.Segundo
Santos Silva, o plano nacional é um “documento operacional” que envolve
um total de 97 medidas, medidas essas que vão envolver quase todos os
ministérios.“O plano envolve praticamente
todos os ministérios, muitos departamentos do Estado, e está concebido
como um documento operacional”, disse o ministro, prosseguindo: “Para
cada medida se determina qual é o ministério responsável, quais são os
demais ministérios envolvidos e qual é o calendário da sua execução”.“Seremos
um país a cumprir escrupulosamente essa nossa própria decisão de passar
imediatamente à fase de concretização do que concordámos ao nível das
Nações Unidas”, referiu o chefe da diplomacia portuguesa, frisando que
Portugal participou “desde a primeira hora”, de maneira “ativa e
empenhadamente”, no desenvolvimento deste pacto.Na
conferência de imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros,
Santos Silva lembrou que uma das disposições finais deste pacto global
era que os países signatários organizassem e aprovassem subsequentemente
os planos nacionais de implementação.Sem
detalhar ao pormenor as mais de 90 medidas, Santos Silva referiu que a
aplicação deste plano está organizada em “cinco dimensões essenciais”: a
promoção de migrações seguras, ordenadas e regulares, a melhoria dos
processos de organização dos fluxos migratórios e da gestão integrada de
fronteiras, a promoção e qualificação dos mecanismos de acolhimento e
integração dos imigrantes, o apoio à ligação dos migrantes ao seu país
de origem e aos seus projetos de retorno e o incremento das parcerias
para o desenvolvimento com os países de origem e de trânsito.Em
relação, por exemplo, à primeira dimensão, o governante focou o aspeto
das migrações laborais, “porque essa é verdadeiramente a alternativa à
imigração irregular e é a alternativa às migrações não seguras”.“Dentro
dessa dimensão (…) inscreve-se naturalmente o regime de mobilidade da
CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] que estamos com os
demais Estados-membros a construir, inscrevem-se também acordos
bilaterais com países de onde tradicionalmente proveem mão-de-obra
imigrada em Portugal e de países que estão interessados em ter esse tipo
de acordos de migração laboral com Portugal, e também se inscrevem
naturalmente os instrumentos específicos que nós temos para atrair para
Portugal grupos que nos interessa atrair, desde estudantes e académicos
até profissionais ou empreendedores”, referiu o governante.Outra
medida do plano é a possibilidade, afirmou Santos Silva, de “organizar o
título de autorização de residência de um cidadão estrangeiro em
Portugal da mesma forma que hoje organizamos o cartão de cidadão”, ou
seja, inscrever num único documento todos os dados mais relevantes
relativos à situação do cidadão migrante.Ainda
em declarações aos jornalistas, o ministro referiu que a aplicação
deste plano nacional é encarada pelo Governo português como “uma
oportunidade única” para sistematizar a política para as migrações.“Portugal
tem responsabilidades acrescidas nesta área”, disse ainda Santos Silva,
lembrando o facto de ser um português, António Vitorino, que atualmente
lidera a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Fruto
de 18 meses de consultas e negociações, o Pacto Global para uma
Migração Segura, Ordenada e Regular (GCM, na sigla em inglês) foi
adotado formalmente em dezembro passado numa conferência internacional
em Marraquexe.O documento internacional
tem como base um conjunto de princípios, como a defesa dos direitos
humanos, dos direitos das crianças migrantes ou o reconhecimento da
soberania nacional.O texto enumera 23
objetivos e medidas concretas para ajudar os países a lidarem com as
migrações, nomeadamente ao nível das fronteiras, da informação e da
integração, e para promover “uma migração segura, regular e ordenada”.Mesmo
não tendo uma natureza vinculativa, o documento promovido e negociado
sob os auspícios das Nações Unidas dividiu opiniões e suscitou críticas
de forças nacionalistas e anti-migrações em vários países.