Governo aprova incentivos para funcionários públicos que decidam ir trabalhar para o Interior
27 de fev. de 2020, 12:34
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, a propósito da reunião do executivo
descentralizada que se realiza hoje em Bragança, a primeira da atual
legislatura, a ministra da Modernização do Estado e da Administração
Pública explicou que esta é uma das medidas no âmbito da valorização do
Interior do país.“Trata-se de um decreto
lei que aprova um regime de incentivos à mobilidade dos trabalhadores da
Administração Pública, para quando estes se movam para o Interior,
nomeadamente para os concelhos de baixa densidade que estão definidos
numa portaria de 2017”, disse Alexandra Leitão.Segundo a ministra, à deslocação dos trabalhadores para o Interior estão associados "mecanismos pecuniários e não pecuniários".Nesse
sentido, serão atribuídas ajudas de custo quando essa mobilidade "seja
determinada pelo Estado", sendo dada uma "compensação remuneratória",
definida por portaria, quando a deslocação ocorra "por vontade" do
trabalhador. Estão também previstos "apoios para as famílias com filhos
jovens que tenham abono [de família]".Relativamente
aos apoios não financeiros, explicou Alexandra Leitão, estão incluídos
"dois dias de férias a mais para o trabalhador, cinco dias de dispensa"
quando o funcionário muda de serviço, bem como "garantia de matrícula
dos filhos" numa escola pública da zona de destino.A
ministra salienta que o aspeto mais inovador do diploma prevê a
“criação de centros de teletrabalho”, prevista no Programa de Governo,
através de “acordos com as autarquias para criar os centros de
‘coworking’, em que várias pessoas estão juntas a trabalhar para vários
serviços”.Com estas mobilidades, Alexandra
Leitão reconhece um duplo objetivo: “Criar medidas de teletrabalho com
forte dimensão de conciliação de vida profissional, familiar e pessoal, e
permitir através do teletrabalho que estas pessoas possam continuar a
trabalhar nos sítios de origem”, mas numa cidade diferente.“A
pessoa pode manifestar interesse em ir trabalhar para o Interior,
embora esteja a trabalhar num serviço em Lisboa ou no Porto, mas pode
acontecer agora com o teletrabalho”, garantiu.Questionada
sobre o facto de a mobilidade ser possível para todos os funcionários
públicos, Alexandra Leitão explicou que o diploma aplica-se às carreiras
gerais, onde estão incluídos assistentes operacionais, assistentes
técnicos e técnicos superiores.“Aos
assistentes operacionais é mais difícil, mas há conteúdos funcionais que
se adaptam melhor que outros”, reconheceu, lembrando que atualmente é
“quase tudo feito digitalmente, despachar processos, através de sistemas
documentais para tratamento de documentos”.“Quando
falamos dos técnicos superiores é perfeitamente possível fazer à
distancia”, sublinhou, salientando que o objetivo é “procurar incentivar
os casos de mobilidade voluntária”.Alexandra
Leitão lembrou ainda que o teletrabalho “abre uma possibilidade muito
grande de, sem deslocalizar o serviço, permitir a mobilidade para o
Interior, garantindo uma outra dimensão de conciliação de vida pessoal e
de trabalho”.O decreto lei terá um regime
de três anos, sendo depois avaliado, esperando a ministra da
Modernização do Estado e da Administração Pública que os resultados
“sejam positivos”.