Governo apresenta hoje na Concertação Social projeto da semana de quatro dias
2 de nov. de 2022, 09:12
— Lusa/AO Online
Segundo o documento do Governo, a
experiência-piloto em 2023 será aberta a todas as empresas do setor
privado e terá a duração de seis meses, sendo voluntária e reversível e
sem contrapartidas financeiras, providenciando o Estado o suporte
técnico e administrativo para apoiar a transição."Posteriormente,
e mediante evolução satisfatória do piloto, esta experiência deverá,
numa segunda fase, ser estendida ao setor público", afirma o executivo,
acrescentando que este alargamento à administração pública "requer
adaptação de instrumentos de avaliação dos impactos e estará sujeita a
diferentes condicionantes jurídicas e orçamentais".De
acordo com o Governo, só num terceiro momento existe "intenção de criar
as condições favoráveis para testar um modelo mais ambicioso que
envolva um desenho quase-experimental, em que um grupo empresas adotam a
mudança e outro grupo servirá de controlo”.Segundo o executivo, a experiência “não pode envolver corte salarial e tem de implicar uma redução de horas semanais”.Uma
vez que o Estado não oferece nenhuma contrapartida financeira, não será
estipulado um número de horas semanais exatas, que “podem ser 32 horas,
34 horas, 36 horas, definidas por acordo entre a gestão e os
trabalhadores”, mas a experiência tem de “envolver a grande maioria dos
trabalhadores” da companhia, “exceto para grandes empresas, onde pode
ser testado em apenas alguns estabelecimentos ou departamentos”.O
cronograma do projeto-piloto prevê que nos próximos meses, até janeiro
de 2023, decorram os períodos de manifestação de interesse por parte das
empresas e sessões de esclarecimento para lhes “explicar como vai
decorrer o estudo”, estando a seleção dos participantes prevista para
fevereiro do próximo ano.Entre março e
maio será feita a preparação da experiência-piloto, que arrancará,
depois, em junho e se prolongará até novembro. Durante o mês de dezembro
de 2023 decorrerá “um período de reflexão”, durante o qual “a gestão
vai refletir sobre a experiência e determinar se vão manter a nova
organização, voltar à semana de cinco dias, ou adotar um modelo
híbrido”.De acordo com o Governo, a
avaliação do projeto-piloto “vai centrar-se nos efeitos da semana de
quatro dias nos trabalhadores e nas empresas”. Do
lado dos trabalhadores, serão medidos “os efeitos no bem-estar,
qualidade de vida, saúde mental e saúde física, bem como o seu nível de
compromisso com a empresa, satisfação com o trabalho e intenção de
permanecer na organização”, sendo igualmente estudado “o uso de tempo
dos trabalhadores nos dias de descanso, para perceber onde e como é
usado o tempo não-trabalhado”. Já do lado
das empresas, “o foco genérico vai ser na produtividade,
competitividade, custos intermédios e lucros”, avaliando-se “os efeitos
nas taxas de absentismo de curta e longa duração, na capacidade de
recrutamento, na organização de processos internos, em indicadores
financeiros e não financeiros de desempenho (por exemplo, queixas de
clientes/utentes), na incidência de acidentes de trabalho e no consumo
de bens intermédios, quer matérias-primas, quer gastos de energia”.A
experiência-piloto da semana de quatro dias será coordenada por Pedro
Gomes, autor do livro "Sexta-feira é o Novo Sábado", contando ainda com
Rita Fontinha, professora associada de ‘Strategic Human Resource
Management’ na Henley Business School da Universidade de Reading, na
equipa externa ao executivo.