Governo afasta cenário de despedimentos na SATA com novo plano de negócio
18 de ago. de 2020, 17:24
— Lusa/AO online
"A dispensa de recursos humanos
não está nos nossos planos nem pode estar", declarou hoje a secretária
regional com a tutela dos Transportes, Ana Cunha.A
governante falava em Ponta Delgada no dia em que a Comissão Europeia
deu ‘luz verde’ a um auxílio estatal português de 133 milhões de euros à
transportadora aérea açoriana e abriu uma investigação para avaliar o
cumprimento das normas comunitárias noutros apoios públicos à companhia.Mesmo
reconhecendo que "não há premissas tabus" na elaboração do novo plano
de negócios da empresa, Ana Cunha diz que o despedimento de
trabalhadores "não está nos planos" do executivo regional, até porque os
recursos humanos da SATA são "um dos maiores capitais do grupo".A
premissa do plano de negócios a elaborar "é tornar o grupo
financeiramente e economicamente sustentável" e "sem recurso a outros
auxílios estatais" como o agora concedido, disse a secretária regional.Esta
realidade, acrescentou, "é nova" para a SATA, para diversas outras
companhias aéreas, e também para Bruxelas, "que tem de aprovar um sem
número de planos de negócio de empresas de aviação civil" afetadas com a
pandemia de covid-19.O auxílio aprovado é
correspondente a 133 milhões de euros e a Comissão Europeia abriu
também uma investigação para avaliar o cumprimento das normas
comunitárias noutros apoios públicos à companhia.A
instituição “abriu uma investigação para avaliar se certas medidas de
apoio público de Portugal a favor da empresa estão em conformidade com
as regras" comunitárias "sobre auxílios estatais a empresas em
dificuldade”, indicou a nota de imprensa do executivo comunitário.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que teve um enorme
impacto no setor da aviação.Foi devido a
tais dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar as carências
de liquidez.“As autoridades portuguesas
afirmam que os aumentos de capital em questão não constituem auxílios
estatais ao abrigo das regras da UE, uma vez que o Governo Regional dos
Açores, como único acionista da SATA, atuou como um investidor privado a
operar em condições de mercado”, referiu a Comissão Europeia.São
estes apoios públicos que Bruxelas vai agora “investigar mais
aprofundadamente”, visando perceber “se os aumentos de capital
constituíram auxílios estatais que deveriam ter sido notificados à
Comissão e, em caso afirmativo, se as medidas de apoio anteriores
satisfazem as condições das orientações de 2014 relativas aos auxílios
estatais de emergência e à reestruturação”, concluiu a instituição.O
atual conselho de administração da transportadora açoriana tomou posse
em janeiro e comprometeu-se a apresentar um plano estratégico e de
negócios até ao final do primeiro trimestre do ano, mas a pandemia da
covid-19 obrigou a uma reavaliação do documento.Em
julho, a SATA sublinhou que "o contexto provocado pela pandemia teve um
impacto muito significativo" e, devido à "paragem quase total da
atividade, foram implementadas todas as medidas possíveis ao dispor da
gestão, num cenário em que a preservação da empregabilidade era
fundamental".Nos próximos seis meses, nos
termos da regulamentação comunitária, "a SATA irá, conjuntamente com o
Governo dos Açores e a Comissão Europeia, trabalhar no plano de negócios
que assegure a sustentabilidade económica e financeira do grupo e
garanta os serviços de interesse económico geral no transporte aéreo
interilhas e com o exterior, que reconhecidamente devem ser
assegurados", indica hoje a nota do executivo açoriano. O
presidente da SATA, Luís Rodrigues, acompanhou hoje a secretária dos
Transportes na conferência de imprensa realizada em Ponta Delgada.