Governo admite abandonar medida do endividamento zero
1 de out. de 2024, 08:56
— Carolina Moreira
O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo
Estêvão, revelou que, em 2025, a Região Autónoma dos Açores terá
de se financiar em 150 milhões de euros (ME) junto da banca para
conseguir executar com sucesso os fundos do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR) e do programa Açores 2030.Na apresentação das
linhas orientadoras da proposta de Plano e Orçamento da Região para o
próximo ano, que decorreu ontem no Palácio da Conceição, em Ponta
Delgada, o governante admitiu assim a necessidade de abandonar a
política do endividamento zero, caso o Governo Regional não consiga
aumentar as receitas fiscais no arquipélago. Paulo Estêvão avançou,
no entanto, que já estão a decorrer as negociações com o Governo da
República para que seja revisto “ainda este ano” o modelo de cálculo do
IVA que, de acordo com as contas do executivo regional, significará um
“incremento de receita que superará os 150 ME”.Em declarações aos
jornalistas, o governante explicou que está em causa um modelo de
apuramento da receita do IVA, aplicado desde a troika, que além do fator
de “capitação direta”, em que a receita do deste imposto é distribuída
consoante a “percentagem que a população açoriana representava no todo
nacional”, contempla também “o fator do diferencial fiscal entre os
Açores e o continente”.“Cada vez que diminuímos a pressão fiscal
para que seja possível fomentar o crescimento económico e aliviar as
famílias dos Açores, isto significa uma diminuição das transferências do
Estado para a Região Autónoma dos Açores. Ora, pretendemos que, ainda
este ano, este modelo seja revisto, o que significará um incremento de
receita que superará os 150 milhões de euros”, argumentou.O
secretário regional admitiu que, “se este resultado não for obtido,
vamos proceder ao endividamento de 150 ME que é absolutamente essencial
para que se execute o PRR e o Açores 2030”, justificou, constatando
ainda que “não tem vindo a ser esta a política adotada pelo executivo,
mas é essencial que este ano, tendo em conta os cálculos que fizemos,
contrair esse endividamento se não conseguirmos alterar esta matéria”.Na
apresentação, Paulo Estêvão adiantou ainda que a proposta de Orçamento
da Região para 2025 atinge os 1913 ME, enquanto o Plano ronda os 818 ME,
tendo como “grandes prioridades” a execução do PRR e do programa Açores
2030, assim como a recuperação do HDES e a promoção de mais
investimento.O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e
Comunidades avançou que, no próximo ano, o Governo Regional pretende
manter a Tarifa Açores e o diferencial fiscal de 30%, uma opção que o
executivo considera que tem sido decisiva na dinamização da economia do
arquipélago e na ajuda às famílias, apesar da “perda de receita que irá
ocasionar para os cofres da Região”.A anteproposta de Plano e
Orçamento para 2025 já seguiu para apreciação dos conselhos de ilha,
devendo o documento final ser entregue no parlamento regional até 30 de
outubro. A apreciação e votação está prevista para a última semana de
novembro. Reforço de 50 ME para Saúde e 20 ME para Educação em 2025
A proposta de Plano e Orçamento dos Açores para 2025 prevê um reforço
das verbas alocadas aos setores da Saúde e da Educação, na ordem dos 50 e
dos 20 milhões de euros (ME), respetivamente.O anúncio foi feito
ontem no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, pelo secretário
regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades que abordou o “esforço
muito, muito significativo” dos Governo Regional nestas duas áreas.“Na
Saúde, vamos reforçar com mais 50 milhões de euros do que no ano
passado”, revelou Paulo Estêvão, justificando o incremento de verbas com
“as necessidades do setor que são crescentes e também com o HDES e o
investimento que é preciso fazer a esse nível”.Além do HDES, “já
estamos a prever o aumento da remuneração de médicos, enfermeiros e
restante pessoal de Saúde, que decorre também da alteração legislativa a
nível nacional”, apontou, realçando ainda a necessidade de resposta
“mais célere” ao pagamento dos fornecedores”.“É um esforço muito,
muito significativo que também tem a ver com o combate à suborçamentação
que tem sido cíclico no setor da Saúde”, salientou.Quanto à
Educação no arquipélago, o reforço de verbas previsto no orçamento para o
próximo ano será de 20 ME para fazer face ao “aumento da remuneração
com a progressão na carreira dos docentes, tendo em conta a recuperação
do tempo de serviço”, disse Paulo Estêvão.