Governo açoriano sem “intenção de interferir” no projeto da incineradora em São Miguel
28 de mai. de 2021, 13:46
— Lusa/AO Online
Ouvido
na comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do parlamento açoriano, Alonso Miguel referiu que o Governo
Regional “demonstrou total disponibilidade para dialogar sobre eventuais
alternativas” à construção de uma central de valorização energética em
São Miguel.Contudo, referiu o governante, o
entendimento da Associação de Municípios de São Miguel (AMISM) é que a
“solução está encontrada”.“Se a AMISM, que
tem exclusiva competência e tem legitimidade entende que o projeto é
para avançar, o Governo Regional não tem qualquer intenção de interferir
nas competências próprias e legítimas dos municípios e respeitará
naturalmente a opção feita pela AMISM”, declarou.O
secretário regional defendeu ainda que a hierarquia da gestão de
resíduos “não foi subvertida” durante o processo e salientou que a
suspensão da construção da incineradora “levaria a processos
indemnizatórios" com "despesas para o erário publico”.Sobre
o projeto do BE que defende a implementação de medidas para o
cumprimento das metas europeias de reciclagem, o governante salientou
que as “metas são uma imposição para os Estados-membros” e “não para a
região”.“A Comissão Europeia definiu
recentemente metas que são ambiciosas, que representa um desafio para
todos os países, e em relação às quais a Região Autónoma dos Açores
ainda se encontra distante”, afirmou.Pelo
BE, António Lima contrapôs, então, que será necessário “avaliar toda a
política ambiental da região porque há um governo que diz que não é para
cumprir as metas” europeias, considerando essa posição um “egoísmo” do
Governo Regional para com as outras regiões do país.O
deputado do PS José Contente considerou que o próximo Plano Estratégico
de Prevenção e Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA) para 2022-30 vai
ter de ser “bastante mais rigoroso” em termos de metas de reciclagem,
mas disse ser necessário “ter prudência e realismo” na definição de
objetivos.O deputado do PSD Marco Costa
defendeu a necessidade de encontrar uma “solução” para o “problema” de
existir um arquipélago a “duas velocidades”, uma vez que sete ilhas
apresentam “bons resultados na gestão de resíduos” (Corvo, Flores, Pico,
Graciosa, Faial, São Jorge e Santa Maria).A
propósito de um projeto do PAN para considerar a caducidade da
declaração de impacto ambiental de uma central de valorização energética
em São Miguel, Alonso Miguel afirmou que aquela declaração ainda está
atualizada. Contudo, o parlamentar do PAN,
Pedro Neves, considerou a construção de uma incineradora uma “agressão
ambiental” à ilha de São Miguel.No âmbito
de uma proposta do PPM para a atualização do regime jurídico da
avaliação do impacto e do licenciamento ambiental, Alonso Miguel
adiantou que esse é um “objetivo” do Governo dos Açores, face à
“desatualização” da legislação regional face às leis nacionais e
comunitárias.O contrato entre a italiana
Termomeccanica e a empresa MUSAMI para a construção de uma incineradora
na ilha foi firmado em 25 de fevereiro, apesar das contestações
judiciais, tratando-se de um investimento de quase 58 milhões de euros.Em
2016, a AMISM decidiu, por unanimidade, avançar com a construção de uma
incineradora de resíduos, uma decisão que motivou várias queixas de
ambientalistas.