Governo açoriano rejeita desconsideração de ilhas nos transportes marítimos
10 de ago. de 2021, 19:36
— Lusa/AO Online
“Em
momento algum foram desconsideradas as ilhas das Flores e de Santa
Maria, ou qualquer outra ilha […]. Há uma aposta clara na mobilidade dos
açorianos e na criação de um verdadeiro mercado interno, que, como o
atual Governo defende e já colocou em prática, é possível e desejável”,
refere o Governo açoriano, em nota de imprensa.O
esclarecimento chega depois de partidos e autarquias terem criticado o
concurso aprovado na quinta-feira que deixa as ilhas do grupo oriental,
São Miguel e Santa Maria, sem serviço público de transporte marítimo de
passageiros e viaturas, porque a operação sazonal foi restrita às ilhas
do grupo central (Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa).Segundo
a mesma resolução, as ilhas do grupo ocidental, Flores e Corvo,
continuam a ter ligação regular entre si, apenas para transporte de
passageiros, mas a operação sazonal que ligava as Flores ao resto do
arquipélago, e que permitia o transporte de viaturas, também será
suprimida.No
que toca à ilha das Flores, o executivo lembra que foi muito atingida,
em 2019, pelo furacão Lorenzo, "que afetou gravemente o Porto das Lajes,
limitando muito a sua operabilidade”.“Desta
forma, a ligação por ferry à ilha das Flores não pode ser assegurada
até que estejam concluídas as intervenções que garantam a sua utilização
neste âmbito”, é acrescentado.Na
nota, o executivo regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM adianta ainda
que “foi solicitado ao vencedor do concurso de transporte de mercadorias
entre o Faial, as Flores e o Corvo que obtivesse também licença para
transporte de passageiros e viaturas, o que poderá acontecer até um
máximo de 20 pessoas por viagem e vários veículos”.Esse navio “irá já começar a operar […] a partir do próximo dia 17 de agosto”.Ainda
assim, o executivo garante que, quando “estiverem reunidas as condições
logísticas ideais, a ligação por ferry ao grupo ocidental será
retomada”.Quanto à ligação entre São Miguel e Santa Maria, o Governo pretende responder à questão de duas formas.“A
primeira passa por disponibilizar, tendo sempre em conta as especiais
circunstâncias que ainda estamos a atravessar, mais ligações aéreas
entre estas duas ilhas”, adianta o executivo, assegurando que “a SATA
estará em condições de assegurar estas ligações, em muito maior escala,
no próximo verão”.Por outro lado, o Governo planeia “manter as ligações marítimas, mas em moldes diferentes”.“Estas
serão realizadas, quer recorrendo a operadores privados, quer através
da utilização dos recursos próprios da região, evitando, desta forma, o
enorme prejuízo anual, superior a 10 milhões de euros, que resulta das
condições em que foi realizado o fretamento de navios em períodos
anteriores”, concretiza.Na
nota é também destacado que “o sucesso da chamada ‘Tarifa Açores’”, que
providencia viagens aéreas interilhas a 60 euros para residentes no
arquipélago, “tem sido notório em toda a região, permitindo um aumento,
sem precedentes, da mobilidade interilhas por parte dos açorianos”.“Como
é óbvio, será feita a avaliação do impacto desta medida no âmbito da
definição do futuro modelo de transporte marítimo de passageiros
interilhas”, acrescenta o executivo regional.O
Governo Regional garante ainda que “irá monitorizar o impacto das
respostas idealizadas e que reforçará, com celeridade, os meios
disponibilizados sempre que as circunstâncias assim o aconselharem”.O
concurso público em causa prevê a "celebração do contrato de
fornecimento do serviço público de transporte marítimo regular de
passageiros e de viaturas entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge e de
passageiros entre as ilhas das Flores e do Corvo" e o transporte
marítimo sazonal de viaturas e passageiros entre as cinco ilhas do grupo
ocidental.O
contrato, com um preço base de 18 milhões de euros, tem um "prazo de
dois anos, com possibilidade de prorrogação por um período máximo de 12
meses".