Governo açoriano realça baixa do abandono escolar mas oposição fala em "anos perdidos"
22 de mai. de 2024, 09:32
— Lusa/AO Online
“Estamos
a fazer a maior redução que há memória e que há registo nos Açores, de
2016 a 2020 nunca alteraram nada. O continente e a Madeira sempre a
reduzir [a taxa de abandono escolar precoce] e os Açores sempre nos
mesmos índices. Nós já diminuímos cinco pontos percentuais”, afirmou a
secretária da Educação, Cultura e Desporto, durante a discussão do Plano
e Orçamento no plenário da Assembleia Legislativa Regional, na Horta.Sofia
Ribeiro respondia especificamente ao deputado do BE António Lima, que
considerou a meta de reduzir para 15% o abandono escolar precoce até
2030 (prevista na Estratégia para Educação 2030) como “muitíssima fraca”Para o deputado bloquista, aquele objetivo representa um ritmo de redução que “não resolve nenhum problema”.A taxa de abandono escolar precoce nos Açores foi de 21,7% em 2023, segundo dados divulgados em fevereiro.Também
a deputada do PS Inês Sá lembrou que os Açores têm “um dos mais baixos
níveis de escolarização” do país, “associado a uma das mais elevadas
taxas de abandono precoce”.A
socialista condenou a ausência de “estratégia e caminho” para a
educação, criticando o "abandono total" do Plano Integrado de Promoção
do Sucesso Escolar - ProSucesso, criado pelo Governo Regional do PS."Os três anos perdidos são exclusivamente da responsabilidade do presente, não do passado e muito menos, do futuro", salientou.Antes,
numa intervenção na tribuna do parlamento, a secretária regional
destacou que a maior fatia do Orçamento para a Educação está destinada à
ação social escolar, cerca de 16 milhões de euros.Na
cultura, Sofia Ribeiro prometeu que a revisão em curso do regime de
apoio aos agentes culturais “irá agilizar e garantir maior transparência
aos apoios concedidos aos agentes culturais”.No
debate, a deputada do PSD Délia Melo enalteceu o “aumento significativo
do apoio social escolar”, que permite “aliviar a pressão financeira
para famílias com menos rendimentos”.A
social-democrata acusou ainda a parlamentar do PS Inês Sá de querer
“apagar da memória coletiva os responsáveis pelo estado de degradação da
educação”, referindo-se aos anteriores executivos regionais
socialistas.A deputada do Chega Olivéria
Santos mostrou “preocupação” com a desmaterialização dos manuais
escolares, alertando para a “dependência da tecnologia” nos mais jovens.A
líder parlamentar do CDS-PP, Catarina Cabeceiras, elogiou os “passos
seguros” do Governo Regional na contratação de recursos na área da
educação inclusiva, levando Sofia Ribeiro a revelar que os Açores têm o
“melhor rácio do país” relativamente ao número de psicólogos nas
escolas.Pedro Neves, do PAN, lembrou que
o seu partido apresentou na anterior legislatura uma proposta (que
acabou chumbada) para criar incentivos pecuniários para a fixação de
docentes.O parlamento açoriano iniciou
hoje o debate das propostas de Plano e Orçamento Regional 2024, sem a
ameaça do chumbo do documento apresentado pelo executivo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM, mas com o sentido de voto do PS ainda “em aberto”.A
proposta de Orçamento, que define as linhas estratégicas do executivo
de coligação para este ano, contempla um valor de 2.045,5 milhões de
euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões).