Governo açoriano quer mais jovens agricultores e cria apoio à “sucessão de atividade”
22 de mai. de 2024, 17:55
— Lusa/AO Online
“Em vez de ter uma
reforma ou uma cessação da atividade vai ser uma sucessão geracional. É
uma medida que vamos implementar para permitir que os jovens
agricultores tenham acesso mais rápido e possam substituir quem tem mais
de 55 anos. Em vez de cessação, é sucessão”, declarou o secretário da
Agricultura e Alimentação, no parlamento açoriano, na Horta.António
Ventura, que falava na discussão do Plano e Orçamento para 2024,
respondia a uma intervenção do deputado do Chega Francisco Lima, que
defendeu a necessidade de rejuvenescer o setor agrícola, questionando o
executivo sobre a criação de um programa de reformas antecipadas.Antes,
na intervenção de tribuna, o secretário regional tinha destacado a
atribuição de prémios à instalação de empresas em meio rural (no valor
de 18 mil euros) e considerado que os “jovens agricultores” têm um
“relevo estratégico” no novo Plano Estratégico da Política Agrícola
Comum (PEPAC), defendendo uma “aposta geracional”.António
Ventura deixou ainda o “compromisso de pagar as ajudas comunitárias sem
cortes”, o que vai representar um aumento de 6% do Programa de Opções
Específicas para fazer face ao Afastamento e à Insularidade (POSEI).O
governante realçou que os caminhos agrícolas vão ser alvo do “maior
investimento” dos últimos 15 anos, mas reconheceu que tal “não vai
resolver o elevado grau de degradação dos caminhos”.“Nas
acessibilidades agrícolas, vias de crescente multiutilização turística e
de lazer das comunidades locais, apresentámos o maior investimento dos
últimos 15 anos. São 10,9 milhões de euros”, reforçou.A
socialista Patrícia Miranda lembrou que mais de 52% dos agricultores
dos Açores têm entre 45 e 65 anos, defendendo “programas de reforma
antecipadas justas”, o reforço da “formação e informação” e apoios aos
jovens agricultores.“A realidade recomenda
políticas específicas para o rejuvenescimento agrícola, medidas que
estimulem a presença dos jovens, no feminino também, fazendo-os entrar e
permanecer no setor e nas zonas rurais”, advogou.A
deputada denunciou a ausência de estratégia para o setor do leite,
alertando para a descida do preço do leite pago ao produtor.“Num
ano, o Governo paga para produzir, no ano a seguir, paga para não
produzir. (…) Quando o preço subiu, veio o Governo rapidamente reclamar
os méritos quando não os tinha. Agora que desceu, o governo remete-se ao
silêncio”, condenou a deputada.O deputado
do PSD Paulo Chaves realçou as consequências do chumbo do Orçamento em
novembro de 2023 para a falta de intervenção nos caminhos agrícolas e
enalteceu o aumento do investimento para a recuperação daquelas
acessibilidades.Também Catarina
Cabeceiras, do CDS-PP, defendeu a necessidade de ter um “planeamento
adequado” para a requalificação dos caminhos agrícolas.O
liberal Nuno Barata criticou o Governo Regional por ainda não ter pago o
apoio por gado abatido, enquanto Pedro Neves, do PAN, propôs incentivos
pecuniários para promover a agricultura de baixo carbono.O
parlamento açoriano está a debater as propostas de Plano e Orçamento
Regional 2024, sem a ameaça do chumbo do documento apresentado pelo
executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, mas com o sentido de voto do PS
ainda “em aberto”.A proposta de Orçamento,
que define as linhas estratégicas do executivo de coligação para este
ano, contempla um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao
apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões).