Governo açoriano pediu parecer para tentar rever juros a pagar à EDA por dívida
11 de mai. de 2022, 09:55
— Lusa/AO Online
“Não excluímos renegociar as taxas
de juro, não excluímos revisitar este assunto. Aliás, pedi ao professor
Eduardo Paz Ferreira para fazer um parecer sobre esta situação para,
com base nele, adotarmos o mais adequado à região”, avançou Berta
Cabral, secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas.A
governante falava no plenário da Assembleia Regional, que começou na cidade da Horta, a propósito do projeto de resolução do BE, aprovado
por unanimidade, para que o executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM
renegoceie com a Empresa Eletricidade dos Açores (EDA) os juros de mora
relativos a dívidas da Região com a empresa.A
secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas notou que o
parlamento estava a discutir aquele documento “porque o governo
anterior deixou de pagar iluminação publica à EDA desde setembro de
2012”. “Foi o anterior governo [PS] que
decidiu fazer este acordo com a EDA, assinado a 12 de novembro de 2020.
Esse acordo reconhece a dívida de iluminação pública e remete para juros
de mora. Se o governo anterior queria especificar qual a taxa de juro
se devia aplicar, deixou uma margem enorme remetendo exclusivamente para
juros de mora”, alertou a governante.Berta Cabral vincou, perante as dúvidas da oposição, que o atual Governo quer “negociar”. “Não
vale a pena estar aqui com interpretações, porque estamos de acordo com
isto [resolução]. Estamos de acordo. Pedimos um parecer ao professor
Eduardo Paz Ferreira, na quarta-feira, a 04 de maio, e vamos fazer tudo
para rever esta taxa”, afirmou. “Negoceia-se
de acordo com a lei. Faremos o que a lei disser”, insistiu, em resposta
a questões do deputado do PS Carlos Silva, que acusou o atual Governo
de “trapalhadas”, notando que o atual executivo devia ter feito “mais e
mais rápido”.Berta Cabral notou que “este governo assume os compromissos assumidos, por este ou qualquer outro Governo”.“Compromisso assumido é compromisso cumprido”, disse.O
BE/Açores anunciou em fevereiro a intenção de recomendar ao parlamento
açoriano que o Governo Regional renegoceie com a elétrica açoriana os
juros de mora relativos a dívidas com a empresa, que não deverão
ultrapassar os 4%.O dirigente explicou que
face ao acordo celebrado, que prevê o pagamento da dívida à EDA de 2020
a 2022, “falta ainda apurar os valores dos encargos com juros
referentes aos 4,5 milhões de euros ainda em dívida”, sendo "omisso
quanto à taxa de juro a aplicar”.António
Lima defendeu uma taxa de juro “menos penalizadora do erário público”,
considerando que o recurso à recomendação da ERSE “beneficia a EDA, de
forma particular os acionistas privados”, dando o Governo Regional “um
brinde à República Popular da China, dona da EDP, e ao grupo Bensaúde”,
ambos acionistas privados da elétrica açoriana.O
dirigente disse que a Região “poderá vir a pagar, só em juros, cerca de
dois milhões de euros por uma dívida de 6,5 milhões”, uma “taxa
obscena, um verdadeiro assalto aos cofres da região perpetrado pelo
próprio Governo Regional”, acionista maioritário da EDA.