Governo açoriano justifica ação no falso alarme com alegados navios chineses
23 de ago. de 2024, 16:39
— Lusa
Várias publicações, incluindo
uma do partido Chega nos Açores, circularam na quarta-feira nas redes
sociais com a alegação, com base em informação de uma aplicação 'online'
de que havia uma frota de pesqueiros chineses ao largo da ilha das
Flores, mas tratou-se de um falso alarme, dado que nem o avião da Força
Aérea nem o navio da Marinha avistaram quaisquer embarcações. Um
dia depois de o Governo Regional ter admitido, em comunicado, um caso
de ‘spoofing’ – um ciberataque em que alguém falsifica ou disfarça a sua
identidade - numa aplicação de monitorização de AIS (sistema de
identificação automática) “Marine Traffic”, a agência Lusa perguntou se
tinha sido aberto algum inquérito ao sucedido na quarta-feira.A
Secretaria Regional do Mar e das Pescas respondeu que “o processo de
fiscalização e monitorização seguiu a tramitação definida para situações
de violação das regras comunitárias do exercício da pesca comercial,
face à identificação de ‘navios de pesca’”. “A
missão ficou concluída no final do dia, sem qualquer avistamento da
frota identificada no sistema de monitorização gratuito de AIS 'Marine
Traffic'”, vincou.Mesmo tratando-se de
‘spoofing’, a região “tem sempre a preocupação da proteção de todos os
recursos da subárea - Açores da ZEE”, justificou o executivo regional.As
autoridades competentes foram informadas das ações realizadas,
incluindo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, dado que se trataava
de "embarcações de pesca com pavilhão da República Popular da China”,
concluiu o Governo dos Açores.O executivo
açoriano informou ainda que não tem qualquer explicação para este caso
de ‘spoofing’ e que os sinais de navios suspeitos “não constavam dos
sistemas oficiais nacionais e europeus”, da DGRM e da Agência Europeia
de Segurança Marítima (EMSA) e “não foi feito qualquer avistamento das
embarcações”.“Estamos perante um caso de
AIS ‘spoofing’, não se conhecendo os motivos, mas ficou evidente a
rápida ação e coordenação das entidades fiscalizadoras da nossa Zona
Económica Exclusiva (ZEE)”, referiu, numa resposta à agência Lusa.O
alerta para a presença de alegadas embarcações de pesca chinesas na
ZEE, a sul e sudoeste da ilha das Flores, foi dado na quarta-feira,
pelas 10:30 locais (11:30 em Lisboa), após o que as autoridades
iniciaram uma missão de fiscalização e patrulhamento.Segundo
a Secretaria Regional do Mar e das Pescas, o caso remete “para a
importância da posição geopolítica e geoestratégica da Região Autónoma
dos Açores” e da fiscalização e monitorização das suas águas.“Eram
10:30 de quarta-feira quando o serviço de inspeção da Secretaria
Regional do Mar e das Pescas deu alerta ao Centro de Controlo e
Vigilância da Pesca, da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e
Serviços Marítimos, para a existência de 16 navios com pavilhão da
República Popular da China a sul da ilha das Flores, identificados no
Marine Traffic por AIS terrestre, como sendo de pesca e que apresentavam
um comportamento aparentemente não compatível com atividades e
operações de pesca”, explicou o executivo em comunicado divulgado esta
manhã.Após o alerta, foram de imediato
ativados os meios navais e aéreos das entidades participantes no Sistema
Integrado de Vigilância, Fiscalização e Controlo das Atividades da
Pesca (SIFICAP).A Marinha enviou um
semirrígido da Polícia Marítima da ilha das Flores, “para efetuar uma
primeira aproximação”, a Força Aérea Portuguesa (FAP) enviou um avião
P3, “para monitorização da área identificada”, e a unidade naval do
Comando Local da Polícia Marítima das Flores esteve no local e “não
verificou qualquer navio”.Também a
aeronave da FAP “fez sobrevoo da área para além da área de referência,
incluindo até aos limites da ZEE nacional da subárea dos Açores e não
verificou qualquer navio deste conjunto, tudo levando a crer que se
trata de AIS 'spoofing'”, admitiu.As ações de fiscalização foram concluídas pelas 20:30 locais de quarta-feira (21:30 em Lisboa).