Governo açoriano investe anualmente um milhão para combater indigência em Ponta Delgada
18 de ago. de 2022, 14:56
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o ‘número dois’ do governo açoriano
(PSD/CDS-PP/PPM) reconheceu que a situação de Ponta Delgada é
“particularmente preocupante no contexto regional”, lembrando que cerca
de 70% dos sem-abrigo da região estão naquela cidade.“O
governo investe quase um milhão de euros nesta situação só no concelho
de Ponta Delgada com equipas de rua, com casas de alojamento temporário,
com apoio psicossocial, com várias associações, como a Novo Dia, a
Cáritas de São Miguel e a Arrisca”, assinalou.Artur
Lima realçou que o governo financia cerca de 20 casas de alojamento
temporário em Ponta Delgada e questionou o “custo-benefício” do novo
Centro de Acolhimento Temporário para Sem-Abrigo em Ponta Delgada,
construído pelo anterior Governo Regional do PS por cinco milhões de
euros e inaugurado em novembro de 2018.Ressalvando
que é preciso distinguir entre “pedintes” e “sem-abrigo”, o
governante alertou para a necessidade de “perceber o retorno” dos
protocolos firmados com as associações que atuam no concelho de Ponta
Delgada.“O governo tem protocolos de
cooperação que têm de ser reavaliados para vermos se estão a dar
resposta efetiva. Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas é minha
intenção reavaliar estes protocolos todos porque temos protocolos de
centenas de milhares de euros”, afirmou.E
acrescentou: “Todos os programas têm de ser avaliados e estes nunca o
foram […]. Não estou a fazer críticas às associações. Estou a dizer que é
muito dinheiro investido pela parte do governo e que é preciso repensar
todo esse modelo de ajuda e de assistência aos indigentes”.Sobre
as declarações do sociólogo Paulo Fontes, que defendeu a inclusão dos
toxicodependentes no Serviço Regional de Saúde, Artur Lima disse ser uma
“preocupação” do executivo levar estes doentes para os centros de
saúde.“Tem de haver conjugação de esforços
com a autarquia porque ao nível da ação social e da segurança a
autarquia tem responsabilidade. Tem também de se envolver a saúde. Não é
apenas dar a metadona”, reforçou.Questionada
pela agência Lusa, a Câmara de Ponta Delgada lembrou, por escrito, a
existência do projeto de inclusão social “Casa dos Manaias”, que “tem
como principal objetivo a intervenção junto da população em risco ou
sem-abrigo no centro histórico”, e que acompanha “uma média mensal de 40
sem-abrigo”.A autarquia remeteu ainda
para uma nota de imprensa de maio em que é anunciado o “reforço do
patrulhamento da Polícia Municipal” no centro de Ponta Delgada e lembrou
que o presidente do município tem apelado a um “reforço da Polícia de
Segurança Pública (PSP)” na cidade.A
situação dos indigentes na baixa de Ponta Delgada motivou uma petição,
subscrita por mais de 90 pessoas, incluindo o presidente da autarquia,
Nascimento Cabral, a solicitar mais policiamento nas ruas, conforme
noticiou o Açoriano Oriental a 30 de julho.À
Lusa, a PSP reiterou a posição manifestada aquando da divulgação
da petição, lembrando que a condição de sem-abrigo ou de mendicidade
“não representa por si só um quadro criminal ou sequer
contraordenacional”, tratando-se antes de um “problema social”.