Governo açoriano defende apoios para renovação da frota dos operadores marítimos
22 de dez. de 2022, 12:55
— Lusa/AO Online
Ouvida na
comissão de Economia da Assembleia Regional, a propósito de uma proposta
da IL para a renovação da frota de operadores marítimos, a secretária
do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, considerou a
iniciativa “meritória”, mas alertou que, a ser aprovada, vai ter ser
notificada à Comissão Europeia.“A proposta
traduz, na prática, um auxílio de Estado, que tem de respeitar as
regras definidas a nível europeu e tem de ser notificada. Mas a proposta
está alinhada com uma visão regional que temos para o tráfego local”,
afirmou.A 20 de outubro, a IL/Açores
apresentou uma proposta para a criação de um sistema de apoio de quatro
milhões de euros para suportar 75% do total do investimento realizado
pelas operadoras de tráfego marítimo local na renovação das frotas.Berta Cabral lembrou que estão em curso dois estudos sobre os modelos de transporte marítimo de passageiros e mercadorias.“Em
termos de orientação regional, a proposta está de acordo com a nossa
orientação para envolver estes operadores no novo modelo. O ideal seria
já conhecer o novo modelo, mas nada impede que o sistema de incentivos
avance”, reforçou.A secretária regional
lembrou que existem quatro armadores a operar na região (as empresas
Transportes Marítimos Graciosenses, Barcos do Pico, Parece e Machado e
Mutualista Açoreana), que já têm um sistema de incentivos, mas que é
“mínimo”.“A média de idades dos navios de
tráfego local ultrapassa os 40 anos. Isso só vem reforçar a necessidade
de se repensar este tipo de transporte”, destacou.Durante
a audição, o deputado da IL, Nuno Barata, considerou que o atual
sistema de incentivos foi “criado no âmbito da covid-19” e “apenas serve
para a manutenção de uma frota obsoleta”, defendendo que é preciso
“trazer inovação” ao sistema de transporte marítimo.O
deputado do PS Carlos Silva instou Berta Cabral a pronunciar-se sobre a
possibilidade de apoiar embarcações usadas (prevista na proposta da IL)
e de o sistema de incentivos recorrer a fundos comunitários.Na
resposta, a secretária regional disse “não ficar chocada” com a
elegibilidade de embarcações usadas, uma vez que os navios têm uma “vida
longa”, e afirmou que será “quase impossível” suportar aquele sistema
de incentivos com fundos europeus.“Não
considerando navios com utilização de combustíveis menos poluentes e
sendo a indústria muito precária quanto ao fornecimento de navios desse
tipo com características para oceano, é muito difícil, quase impossível,
pelo menos no quadro atual, conseguir financiamento comunitário”,
afirmou.O social-democrata António Vasco
Viveiros considerou que 2023 vai ser um “ano muito importante para a
definição da estratégia do transporte marítimo”, concordando com o
diploma em discussão e lembrando os estudos propostos pelo executivo
regional.O SIFROTA – Sistema de Incentivos
à Renovação das Frotas dos Operadores de Tráfego Local da Região deve,
de acordo com a proposta da IL, “vigorar pelo período de quatro anos,
envolvendo uma verba total que ronde os quatro milhões de euros”.“Com
este sistema de incentivos regional abre-se a possibilidade dos
operadores de tráfego local realizarem os investimentos na renovação e
adequação das suas frotas, abrindo-se até a possibilidade ao transporte
misto, ou seja, à aquisição de embarcações de transporte de mercadorias,
viaturas e passageiros”, justificou o deputado Nuno Barata, na
apresentação do diploma em outubro.