Governo açoriano admite usar ISP como "amortecedor"
Crise/energia
10 de mar. de 2022, 11:59
— Lusa/AO Online
“Usar o ISP [Imposto sobre Produtos
Petrolíferos, que o Governo da República vai baixar para travar o
aumento dos combustíveis no continente] como amortecedor merece
reflexão. A reflexão está a ser feita, no fórum próprio. Para além do
diálogo, o Presidente do Governo Regional já convidou o CESA [Conselho
Económico e Social dos Açores] para reunir”, indicou o secretário
Regional de Finanças, Joaquim Bastos e Silva.O
governante falava durante o debate de urgência no parlamento regional
convocado pelo PPM sobre “medidas e propostas” face às consequências,
nos Açores, do conflito na Ucrânia.Durante
a discussão, Vasco Cordeiro, ex-presidente do Governo e deputado do PS,
pediu dados concretos, avisando que a região vai “entrar numa
tempestade” sem “marinhagem, nem comandante” para o barco.Na
resposta, o vice-presidente do Governo Regional, o democrata-cristão
Artur Lima, assegurou que, “sem precipitações”, o executivo está a
“trabalhar organizadamente”, também para ultrapassar impactos económicos
na vida dos açorianos. “Eu diria [que os
Açores terão capacidade para acolher] entre 250 e os 500 refugiados [da
Ucrânia]. Mas, não tínhamos nenhuma reserva habitacional. Estamos a
trabalhar”, disse Artur Lima, reconhecendo que os açorianos “também vão
sofrer com a guerra” e vão “passar dificuldades”.No final da discussão, Vasco Cordeiro lamentou que tenha sido “uma discussão do sexo dos anjos”.“Medidas
não tivemos nenhumas e respostas tivemos bem poucas. Precisamos de
medidas concretas. Não é de análise. Do ponto de vista concreto, o que
está a fazer”, questionou.Sobre o
investimento em energias renováveis referida pelo deputado socialista na
discussão sobre a crise energética, Paulo Estêvão do PPM assegurou que,
embora não tenha sido no tempo do PS, será “feito agora, com este
comandante e por esta marinhagem”. “O Governo está a preparar uma resposta efetiva”, disse.Pelo
CDS-PP, Catarina Cabeceiras defendeu que a região deve “prosseguir o
caminho de maior autonomia energética e alimentar”, enquanto António
Lima, do BE, aconselhou a que se acelere a transição energética e
diversifique a economia, garantindo apoios às empresas e à manutenção de
rendimentos e postos de trabalho.Nuno
Barata, da IL, classificou a atual conjuntura internacional como uma
“oportunidade de refazer a agricultura e economia” dos Açores,
encontrando “novos mercados” para os laticínios ou as conservas e
fazendo, “definitivamente”, a transição energética.Para
João Bruto da Costa, do PSD, o “plano humanitário” deve ser a
“prioridade”, tendo o deputado social-democrata apelado para que não
sejam apresentadas medidas apenas porque “podem ser populares” e
defendendo que se repensem “medidas usadas no combate à pandemia”.Pedro
Neves, do PAN, criticou os governos por “não acautelarem a soberania
alimentar açoriana", considerando que se vai “sempre atrás do prejuízo”.
“O PS não fez nada durante 24 anos sobre a soberania alimentar, nem sobre a diversificação hortícolas e frutícolas”, salientou.Para
José Pacheco, do Chega, o “foco tem de estar nas pessoas”, apontando
para um “problema ideológico nos combustíveis” porque o Estado “impõe
imposto sobre imposto”.O independente Carlos Furtado apontou como “urgência maior” o “problema grave que são os refugiados da Ucrânia”.