Gouveia e Melo rejeita antigo Serviço Militar Obrigatório e pede “nova resposta” consensual
3 de abr. de 2024, 10:28
— Lusa/AO Online
“O
modelo antigo [do Serviço Militar Obrigatório] é precisamente isso, o
modelo antigo. Tem que se encontrar uma nova resposta. Isso não é algo
que se encontre amanhã, tem que ser discutida, tem que ser uma resposta
que o poder político aceite, que a população aceite, porque só todos nós
em conjunto podemos dar uma resposta que seja uma resposta do próprio
país”, considerou o almirante Henrique Gouveia e Melo, em declarações
aos jornalistas, na Base Naval de Lisboa, em Almada.O
almirante defendeu que, através do artigo de opinião que publicou no
semanário Expresso no passado dia 28 de março, tentou “alertar para um
perigo iminente”.“Todos nós sabemos, e
julgo que é público, que há uma escassez de pessoal nas Forças Armadas e
sobre isso nós temos que tentar resolver, não é com recrutamento
obrigatório como se tem falado. Mas isso é um problema. Depois há outro
problema que é a capacidade de mobilizarmos rapidamente a população para
nos defendermos em caso de necessidade extrema”, distinguiu.Na
opinião do chefe militar da Armada, “o poder político e os militares,
no tempo certo, discutirão qual é a melhor forma de o fazer”.“Mas
certamente haverá fórmulas, outros países já estão a testar novas
fórmulas, portanto, é uma questão de tempo, inteligência e de vontade,
essencialmente vontade, de resolver um problema que está às nossas
portas”, sublinhou.Interrogado sobre se
não se arrepende de ter levantado o tema do Serviço Militar Obrigatório
(SMO), Gouveia e Melo respondeu: “Como militar não me arrependo de falar
sobre os assuntos que implicam com a Defesa do país, da Europa, e com
dois pilares essenciais que são a NATO, que é a nossa soberania, e a
União Europeia, que é a nossa prosperidade. E isso hoje está tudo em
jogo”.“No passado, se me perguntassem se
eu concordava com o SMO quando as nossas ações eram mais expedicionárias
e não havia uma guerra na Europa e uma guerra convencional, que é uma
agressão violentíssima, eu diria que não. Por isso, temos que nos
adaptar à realidade e a realidade é que há uma agressão na Europa que
pode pôr em causa a nossa forma de estar como nós a concebemos hoje”,
acrescentou.Na sexta-feira, num artigo no
Expresso, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e
Melo, afirmou que pode vir a ser necessário “reequacionar o serviço
militar obrigatório, ou outra variante mais adequada”, de forma a
“equilibrar o rácio despesa/resultados” e “gerar uma maior
disponibilidade da população para a Defesa”.Esta
posição foi também partilhada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército,
Eduardo Ferrão, que, em declarações ao Expresso, defendeu que “uma
reintrodução do serviço militar obrigatório justifica-se ser estudada e
avaliada sob várias perspetivas”.O Serviço
Militar Obrigatório terminou em 2004. O seu fim foi aprovado em 1999,
por um executivo liderado pelo socialista António Guterres, ficando
estabelecido um período de transição de quatro anos.A
passagem para a profissionalização ficou concluída em setembro de 2004,
dois meses antes da data prevista, 19 de novembro, com o centrista
Paulo Portas como ministro da Defesa.