Gertrudes Labaça salta das redes sociais para os palcos na diáspora
20 de dez. de 2021, 10:15
— Carolina Moreira
A partir de janeiro, Gertrudes Labaça, a personagem criada pelo
cabeleireiro furnense Bruno Costa durante a pandemia, vai “saltar” das
redes sociais para uma digressão pelas comunidades de emigrantes
açorianos, com espetáculos agendados para os Estados Unidos da América
(EUA), o Canadá, a Bermuda e a Jamaica.Gertrudes Labaça surgiu
durante o primeiro confinamento quando Bruno Costa decidiu “animar as
pessoas mais próximas nas Furnas”, tendo em conta o nervosismo instalado
com o aparecimento da Covid-19, tornando-se viral passado pouco tempo.“A
realidade é que as pessoas estavam com tanta sede e com tanta vontade
de rir que a Gertrudes viralizou”, afirma Bruno Costa, explicando que o
nome Gertrudes foi escolhido “porque a minha mãe em criança brincava
muito com esse nome e Labaça porque aqui chamamos a Povoação ‘cova da
labaça’, em tom de sátira e brincadeira”.Com 46 mil seguidores de
várias partes do mundo no Facebook, a famosa e desbocada drag queen de
cabelo vermelho das Furnas vai agora “dar o salto” das redes sociais
para os palcos na diáspora, tendo o espetáculo nos EUA vendido em apenas
dois dias. “A Jéssica Botelho, uma grande fã da Gertrudes na
América, e o Ricardo Farias, apresentador do programa De Cá P’ra Lá que
passa na RTP/Açores, estão a organizar o meu espetáculo nos EUA que foi
vendido em dois dias. Também vou fazer dois espetáculos na Casa dos
Açores na Bermuda, vou ao Canadá e ainda a um resort na Jamaica, tudo de
15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2022”, destaca.Em entrevista ao
Açoriano Oriental, Bruno Costa explica que o espetáculo pretende
“mostrar a evolução da Gertrudes Labaça de gata borralheira para uma
mulher glamorosa, tipo diva de Hollywood”, numa alusão ao seu
crescimento desde o ano passado.“A personagem evoluiu do 8 para o 80
graças a muito trabalho, mas também aos fãs e aos patrocínios de lojas
que oferecem a roupa, sapatos, perucas, jóias, maquilhagem, tudo”,
realça Bruno Costa.Segundo o cabeleireiro, Gertrudes Labaça retrata
“uma mulher independente, que não tem medo de dizer o que pensa, livre e
que personifica o ‘sê quem tu és’”. Ao mesmo tempo, Gertrudes é “uma
típica mulher açoriana muito desbocada, uma típica enrediadeira, mas é
uma mulher moderna, toda para a frente”. “Defendo muito as mulheres e
acho que os Açores precisam desta personagem, porque temos uma cultura
ainda muito machista, e a Gertrudes entra aqui para desmistificar isso
tudo”, constata Bruno Costa, destacando que, desta forma, “mesmo sem
querer, tenho ajudado muita gente”. “Recebo mensagens de pessoas com
depressão que gostam dos meus conselhos, dos temas tabu que abordo”,
salienta.Nos ‘lives’ da sua página do Facebook, Gertrudes Labaça
aborda temáticas relacionadas com a aceitação das pessoas, a igualdade e
gosta de “dar conselhos às mulheres para se valorizarem, para se
vestirem e maquilharem como querem”, sempre num tom de sátira social e
crítica de costumes, mas apelando à valorização da figura e das
singularidades femininas.“A Gertrudes também tem a parte cultural,
de ‘entertainer’, porque enquanto faço a minha maquilhagem nos ‘lives’
nas redes sociais, vou conversando com artistas regionais ou com ligação
aos Açores, e assim dinamizo e dou a conhecer o trabalho deles. E esta é
uma das partes que as pessoas mais gostam”, destaca Bruno Costa,
adiantando que dará continuidade a esse trabalho durante o próximo ano,
mas com aposta em artistas do continente. “Já tenho confirmada a
Rosinha, o Flávio Furtado, a Fanny, etc. Isto porque a Gertrudes já tem
muitos fãs no continente, o que me deixa de boca aberta”, confessa.Além
do reconhecimento dos seguidores, Gertrudes Labaça ganhou recentemente o
prémio “Humor e Criatividade”, no âmbito da primeira edição dos Azorean
Business Awards, que decorreu no dia 10 de dezembro, tendo como
concorrentes Balada Brassado e o Helfimed.“Para mim, o prémio
significou muito, porque foi o reconhecimento do meu trabalho, do meu
mérito. Sou de famílias muito pobres e foi um orgulho atingir essa meta
só com o meu trabalho e com um telemóvel e nada mais”, afirma.Para
Bruno Costa, o próximo ano será recheado de trabalho e novidades,
adiantando ao jornal que, quando regressar da digressão pela diáspora,
irá trabalhar com a agência Hunt Global na criação de uma série
televisiva sobre a Gertrudes, tendo ainda planeado “um grande
espetáculo” em São Miguel que depois irá “correr todas as comunidades
emigrantes açorianas”.Ao jornal, Bruno Costa confessa ainda que os
seus objetivos profissionais não se ficam pela Gertrudes. “Consigo fazer
qualquer personagem e quero levar sempre o nome dos Açores comigo.
Gostava de ter a liberdade para fazer o que eu quisesse, fazer um filme
de comédia por cá e até ter o meu próprio programa de televisão”,
adianta.