Geógrafo Miguel Bastos Araújo é o vencedor da edição 2018
Prémio Pessoa
14 de dez. de 2018, 14:20
— Lusa/AO Online
"O
Prémio Pessoa pretende representar uma nova atitude, um novo gesto, no
reconhecimento contemporâneo das intervenções culturais e científicas
produzidas por portugueses", refere a organização em nota de imprensa.O
Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa do semanário
Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, e este ano, a escolha do júri
visou dar "um sinal claro" na área das alterações climáticas, "para
alimentar a esperança num futuro sustentável”, segundo o júri.Miguel
Bastos Araújo "é hoje internacionalmente reconhecido como uma das
personalidades científicas mais criativas e influentes em biogeografia,
macroecologia e modelação ecológica", disse, na cerimónia, Francisco
Pinto Balsemão, sobre o investigador do Museu Nacional de Ciências
Naturais, de Madrid, e docente na Universidade de Copenhaga. "Numa
altura em que, no plano político, económico e cultural, a nível global,
se erguem tantas vozes e forças poderosas, criando obstáculos ao
contributo das ciências para o estudo e a busca de soluções para os
problemas fundamentais da sobrevivência humana, nomeadamente no que
respeita à crise do ambiente e das alterações climáticas, a atribuição
do Prémio Pessoa 2018 a Miguel Bastos Araújo constitui um sinal claro de
que o conhecimento, a ciência com consciência e as políticas públicas
nela inspiradas, são indispensáveis para alimentar a esperança num
futuro sustentável", diz a ata do júri.O
júri foi ainda constituído por Emílio Rui Vilar (vice-presidente), Ana
Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo
Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa,
Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato
Soromenho-Marques.Miguel
Bastos Araújo, nascido em 1969, licenciou-se em Geografia, na
Universidade Nova de Lisboa, em 1994, obteve o mestrado em Conservação
na University College London, em 1996, tendo-se doutorado em Geografia
na mesma universidade, em 2000. "O
seu trabalho tem particular repercussão nas áreas da biodiversidade e
das alterações climáticas globais", vincou Pinto Balsemão, no discurso,
em Seteais. Nesse
cruzamento temático "tão importante para o mundo contemporâneo, o seu
trabalho tem contribuído para reforçar as bases científicas da política
de ambiente, em particular desenvolvendo mecanismos de gestão e de
redução da incerteza, no sentido de permitir uma melhor proteção da
biodiversidade no quadro de mudanças profundas introduzido pelas
alterações climáticas em curso", sublinhou o presidente do júri. Para
além da autoria de uma vasta bibliografia científica de mais de 200
títulos, que se encontram entre as publicações mais citadas na
literatura académica, Miguel Bastos Araújo "tem-se distinguido também
pelo contributo para a formação de novos investigadores e para o
desenvolvimento de projetos científicos de grande relevo". O
júri destacou ainda, "pelo seu caráter exemplar, o facto de ter sido
criada sob a sua direção na Universidade de Évora uma Cátedra de
Biodiversidade Rui Nabeiro, um caso raro de mecenato científico em
Portugal".Miguel
Bastos Araújo tem visto o seu mérito científico reconhecido através de
importantes prémios internacionais, obtidos nos últimos cinco anos,
entre eles, o Ebbe Nielsen Prize (2013), O Wolfson Research Merit Award
(2014), o King James I Award (2016) e o Ernst Haeckel Prize (2019).O
Prémio Pessoa é concedido anualmente à pessoa de nacionalidade
portuguesa que durante esse período e na sequência de uma atividade
anterior tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente
relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do
país.