Gaudêncio diz estar de "consciência tranquila" mas admite deixar liderança do PSD/Açores
2 de jul. de 2019, 17:58
— Lusa/AO Online
Em
declarações aos jornalistas hoje à tarde, depois de ter sido
constituído arguido num processo que investiga “crimes de peculato,
prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos", Alexandre
Gaudêncio, também presidente da Câmara da Ribeira Grande, disse estar
"convicto de que todas as opções" que tomou enquanto autarca "estão
dentro da legalidade".Quanto aos cargos
que ocupa, não avançou a possibilidade de se demitir de presidente da
Câmara: “Enquanto autarca, com certeza que é muito fácil hoje em dia ser
constituído arguido, basta uma queixa anónima”.Sobre
a liderança da estrutura regional do PSD, admitiu que a questão será
“analisada internamente” e deixada “à consideração” dos seus pares.O
social-democrata lamentou ainda “que estas investigações tenham como
base queixas anónimas e algumas do Partido Socialista, como é público”,
acrescentando que “o objetivo dessas queixas é bem evidente aos olhos
das pessoas” e é o de “querer derrubar o principal líder da oposição”.À
hora a que prestou estas declarações, a Polícia Judiciária ainda fazia
buscas nos Paços do Concelho, garantindo Alexandre Gaudêncio que a
câmara tem “colaborado com que tudo aquilo que tem sido pedido, de forma
transparente e aberta”.A PJ dos Açores
constituiu hoje "vários arguidos", entre os quais o presidente da Câmara
da Ribeira Grande e também líder do PSD/Açores, numa operação por
suspeitas de "crimes de peculato, prevaricação, abuso de poder e
falsificação de documentos".No âmbito da
operação “Nortada”, foram feitas, esta manhã, buscas domiciliárias na
Câmara da Ribeira Grande e noutras instalações municipais, “bem como num
conjunto de empresas que têm relações contratuais com a câmara”,
avançou o coordenador da Polícia Judiciária nos Açores, João Oliveira.Em
nota de imprensa, a polícia indicou que estiveram em curso, “nos Açores
e também numa empresa do continente, cerca de dez buscas a instalações
autárquicas, empresas, residências e viaturas, com vista à apreensão de
elementos de interesse probatório”.Em
causa está um contrato com o artista brasileiro MC Kevinho para um
concerto ocorrido em abril no município açoriano, segundo a revista
Sábado.O concerto provocou polémica na
Ribeira Grande devido aos valores envolvidos: em abril, o Açoriano
Oriental revelava que em causa estariam 123 mil euros entre 'cachet' e
organização, aos quais se terão juntado a receita de bilheteira a favor
do artista brasileiro.A autarquia
destacou, na altura, a divulgação e promoção da Ribeira Grande "a nível
nacional e internacional" que a organização do concerto trouxe.Os
vereadores do PS na autarquia da ilha de São Miguel tinham também dado a
indicação de que iriam "solicitar a intervenção das entidades
competentes" sobre o contrato firmado com MC Kevinho.