Furnense vende infusão de marijuana no Canadá

18 de out. de 2018, 17:54 — Miguel Bettencourt Mota

O canal público canadiano CBC News exibe, esta quinta-feira, o episódio em que a furnense Virgínia Vidal tenta provar aos seis multimilionários do programa Dragon’s Den que investirem o seu dinheiro na ‘Mary ‘s Wellness’ - a empresa de que é proprietária e que tem como ‘produto-estrela’ uma infusão de canábis -  é uma boa ideia e lhes trará retorno.Virgínia Vidal nasceu na freguesia das Furnas em 1970 e com treze anos emigrou com a família para o Canadá, país onde se viria a tornar uma séria ativista pela legalização da marijuana.Em entrevista ao jornal Açoriano Oriental, contou que se juntou ao movimento quando, depois de estar a braços com uma complicada gravidez de trigémeos, “descobriu o canábis” como analgésico alternativo àqueles que são habitualmente prescritos.   E como correu a audição no Dragon’s Den? “Há que esperar pelo programa para ver”, respondeu-nos a empresária de 47 anos, adiantando apenas que a ideia colheu “apreciações positivas” junto de alguns dos ‘dragões’ que compõem o painel de investidores.Portanto, fica, para já, no ar se os argumentos apresentados por Virgínia Vidal terão sido suficientes para convencer Vincent Guzzo, Michele Romanow, Manjit Minhas, Lane Merriefield, Jim Treliving e Arlene Dickinson. De qualquer forma, e independentemente daquele que se revelar o resultado da audição, a furnense já acredita no valor da empresa e no potencial terapêutico dos seus produtos.“A maioria dos nossos consumidores relata uma sensação de relaxamento, bem-estar, calma e alívio muscular, mas o que saúdam mais são as melhorias ao nível do sono”, deu conta. A empresária micaelense indicou ainda que aqueles que compram a infusão de canábis da ‘Mary’s Wellness’ situam-se numa faixa etária acima dos 25 anos e referiu que o fazem, maioritariamente, pelos seus benefícios em termos de saúde. “Com o ‘chá’ e restantes bebidas da Mary’s as pessoas podem medicar-se em qualquer sítio sem terem que emanar o intenso fumo do [cigarro de] canábis”, sublinhou Virgínia, que já se defendeu a si própria por duas vezes em tribunal por alegada posse ilegal de marijuana, tendo sido “ilibada de todas as acusações”.“Há produtores interessados em investir nos Açores”Pese embora o facto de na Região, tal como no restante país, a lei não permitir a comercialização da marijuana, nem mesmo o seu auto cultivo, a empresária nascida nas Furnas diz que há “produtores e investidores interessados” em fazer uso do potencial do arquipélago para o desenvolvimento da planta e, consequentemente, para a criação de produtos derivados com fins medicinais.Virgínia Vidal referiu igualmente que está nos objetivos da sua empresa estabelecer parcerias com as fábricas de chá micaelenses e vender a infusão de canábis nos e a partir dos Açores, na eventualidade de o atual contexto legal se alterar.A emigrante açoriana considera, entretanto, que o Governo dos Açores deveria posicionar-se de forma diferente sobre a matéria e olhar para os efeitos positivos que a legalização poderá representar para os tecidos económico e social da Região.A proprietária da ‘Mary’s Wellness’ defende que esta é uma aposta que pode significar mais “empregos para a população açoriana” e representar “um “crescimento enorme” para aquela que é a sua economia. Como disse, “o governo açoriano deve reconhecer não apenas os benefícios para a saúde da canábis, mas também os económicos”.