Furacão Lorenzo passou há seis meses e deixou prejuízos de 330 ME
1 de abr. de 2020, 17:36
— Lusa/AO Online
Foi na madrugada de 1 para 2 de
outubro de 2019 que o furacão passou pelo arquipélago, afetando,
maioritariamente, os grupos Central e Ocidental, com rajadas de vento
que ascenderam aos 163 quilómetros/hora, de acordo com os registos do
Instituto Português do Mar e da Atmosfera.No rescaldo da intempérie, a Proteção Civil deu conta de 255 ocorrências e 53 pessoas realojadas, 44 das quais na ilha do Faial.A
estimativa do Governo Regional, ainda em outubro, apontava para 70
casos de imóveis afetados e 29 situações de prejuízos no recheio das
casas, perfazendo um total de cerca de 700 mil euros em estragos em
habitações, maioritariamente na ilha do Faial.A
forte agitação marítima provocada pelo furacão - que, antes de rumar à
Irlanda, passou a cerca de 70 quilómetros a oeste das Flores, com
categoria 2 na escala de Saffir-Simpson - causou ainda vários estragos,
nomeadamente em infraestruturas portuárias, de apoio à pesca, na rede
viária e em equipamentos públicos.Para
trás o Lorenzo deixou 330 milhões de euros em prejuízos, estimava o
Governo Regional em outubro: "Parte significativa deste montante - mais
de 300 milhões de euros - refere-se a estragos estruturais registados em
infraestruturas portuárias e de apoio à atividade portuária", explicou
então o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, destacando a
"destruição total" do molhe e cais comercial das Lajes das Flores.Os
danos causados neste porto, principal porta de entrada e saída de
mercadoria do grupo Ocidental, geraram constrangimentos no abastecimento
às ilhas das Flores e do Corvo. Na altura, o executivo estimou em mais
de 190 milhões de euros a sua reparação, incluindo medidas provisórias
de proteção para a operação portuária”.Para
já, está adjudicada a primeira fase de proteção do molhe-cais, orçada
em 18,6 milhões de euros e com um prazo de execução de 18 meses.O
furacão provocou também danos no manto de proteção e na cabeça do molhe
do porto de Santa Maria; no manto de proteção do molhe e muro cortina
do Porto de Ponta Delgada, em São Miguel; no manto de proteção do Porto
de Pipas, na ilha Terceira, e no manto de proteção na área do cais
comercial das Velas, em São Jorge, enquanto no Pico os prejuízos foram
registados no porto das Lajes e, no Faial, os visados pelo mau tempo
neste setor foram equipamentos de apoio à atividade marítima.Na
estimativa apontada pelo Governo Regional somam-se cerca de 9,5 milhões
de euros na área das pescas, nas ilhas do Corvo, Flores, Faial Pico e
Graciosa, e um milhão de euros no setor agrícola nas Flores, Faial, São
Jorge, Graciosa, Pico e Terceira.Os
estragos provocados na orla costeira com "direta relevância para a
proteção de pessoas e bens" ascenderam a mais de quatro milhões de
euros.Já no que se refere ao setor
empresarial privado das Flores, Corvo e Faial, os montantes dos
prejuízos ascenderam a cerca de 350 mil euros, adiantou Vasco Cordeiro
em outubro. A Câmara do Comércio e Indústria da Horta está ainda a
terminar o levantamento das perdas no grupo Ocidental.Os
estragos causados no Corvo e no Porto das Lajes das Flores atiraram as
duas ilhas para uma situação de crise energética, que foi decretada em
03 de outubro e que deveria terminar no último dia do mês, mas só foi
levantada em 08 de novembro. A
declaração foi feita para “garantir os abastecimentos energéticos
essenciais ao funcionamento de um conjunto de serviços estruturantes da
região, dos setores prioritários da economia local, e a satisfação das
necessidades fundamentais da população das ilhas das Flores e do Corvo",
explicava o executivo regional em comunicado, já que os danos
impossibilitavam o abastecimento de combustível por via marítima nas
duas ilhas.O despacho fixava limites ao
abastecimento e obrigava os postos de abastecimento a reservar 40% do
combustível para entidades prioritárias e veículos equiparados.Para
fazer face à situação, o Governo Regional decretou, em 17 de outubro, a
situação de calamidade pública nos Açores, uma medida aprovada pelo
Governo da República em 07 de novembro, "para efeito da reposição da
normalidade nesta área geográfica”, lia-se em comunicado de Conselho de
Ministros.O Governo da República
comprometeu-se a pagar 85% dos estragos causados pela intempérie, bem
como a agilizar os procedimentos de recuperação das infraestruturas,
permitindo ajustes diretos na contratação pública.Assim,
o executivo central assumiu o ónus de cerca de 270 milhões de euros,
cabendo ao Governo Regional avançar com cerca de 50 milhões.O
executivo açoriano avançou com uma revisão orçamental – aprovada no
parlamento regional em fevereiro - no valor de 59 milhões de euros, 56
milhões dos quais para colmatar os prejuízos causados pelo Lorenzo e os
restantes três milhões relativos ao reforço das obrigações de serviço
público da transportadora aérea SATA.Para
financiar o investimento de 59 milhões está previsto um aumento das
receitas de igual montante, sendo que, destes, 25,2 milhões de euros são
provenientes do Governo da República (foram já transferidos 20
milhões).Além disso, 7,4 milhões de euros
provêm do Fundo de Solidariedade da União Europeia e o restante resulta
da transição do saldo orçamental de 2019.