Fundos da UE podem resolver "problemas estruturais" de Portugal
12 de out. de 2022, 14:45
— Lusa/AO Online
"Acho
que para todas as regiões em Portugal, com a quantidade de fundos que
Portugal tem disponível agora - tal como muitos outros países - é uma
oportunidade única para resolver os problemas estruturais tradicionais",
disse hoje numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, em
Bruxelas.Elisa Ferreira falava no âmbito
da Semana Europeia das Regiões e Cidades, considerando que, no desenho das políticas, "um dos aspetos importantes é
ter uma espécie de visão multifundos, para saber onde se tem de ir" em
termos da captação das verbas.Como
exemplo, falou desde os "puros investimentos em infraestruturas até
aspetos mais sofisticados de valor acrescentado", destacando também "a
combinação entre conhecimento que há nas universidades e centros
tecnológicos, e a economia real"."Para
isso, a Universidade do Minho, bem como o CITEVE [centro de tecnologia
têxtil em Vila Nova de Famalicão] e muitos outros centros tecnológicos
têm um papel principal", disse, quando questionada sobre aquela região
portuguesa.No entanto, a comissária
lembrou que, para a "dimensão do mais alto nível de competências nas
universidades", as políticas de coesão "não são as mais adequadas",
salientando programas como o Horizon para lidar com "pura investigação"."A
coisa importante é concentrar-se em aspetos estratégicos que, para a
Europa, também são considerados extremamente importantes, na sequência
da interrupção das cadeias [de abastecimento], o que mostra que a Europa
precisa de fazer indústria outra vez", apontou.A
responsável do executivo europeu destacou ainda a cooperação entre o
Norte de Portugal e a Galiza, em Espanha, "uma cooperação não só entre
cidades, mas entre universidades, também entre associações empresariais,
industriais, aspetos culturais, a gestão do rio Minho, a gestão do
parque de Gerês-Xurés".Já relativamente a
áreas mais ruralizadas e do interior do país, e aos investimentos em
tecnologia digital, em resposta a outra questão sobre Portugal, afirmou
que "pode ser uma boa oportunidade para acionar o desenvolvimento em
áreas menos povoadas e em zonas que estão mais distanciadas dos grandes
centros urbanos".Um resumo do
relatório anual da União Europeia (UE) sobre o Estado das Regiões e
Cidades, elaborado pelo Comité das Regiões, refere que, quanto a
políticas de coesão, uma área que "está com dificuldades em criar um
maior impacto" é a tecnologia digital, apesar de ter aumentado até 10%
em várias regiões da Grécia, Portugal e Espanha, com a pandemia."Não
ter de enfrentar os altos preços da habitação nos centros, menos
segurança, mais poluição, mais trânsito que consome tempo... já vemos
isto em vários casos e mesmo em Portugal se vê que algumas
multinacionais estão a localizar os seus centros de investigação no
interior do país e não nas zonas costeiras", apontou Elisa Ferreira.Quanto
às "puras áreas rurais", Elisa Ferreira defendeu a criação de condições
para que os centros urbanos próximos a essas zonas "consigam ter o tipo
de bens comuns que uma família europeia, ou uma pessoa europeia,
requer", o que significa "infraestruturas de saúde, um mínimo de
infraestruturas culturais"."É preciso ter
uma visão de onde se quer estar, onde se quer concentrar equipamentos e
investimentos, e uma abordagem articulada que é absolutamente importante
para atacar este assunto das áreas rurais despovoadas, que estão também
a ficar muito velhas", advogou a comissária portuguesa.Para
estes casos, Elisa Ferreira defendeu que "é preciso estar alerta para
muitas pessoas mais velhas nessas áreas, que podem não conseguir aceder"
às novas tecnologias digitais."É
necessário criar alguma espécie de interface e outros tipos de serviços
adaptados à situação presente, de ter uma alta percentagem de população
mais velha que tem outro tipo de dificuldades a enfrentar", concluiu.A Semana Europeia das Regiões e Cidades decorre até quinta-feira.