Fundo para a Descentralização está "insuficientemente dotado"
OE2020
16 de jan. de 2020, 11:28
— Lusa/AO Online
A Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) foi hoje ouvida na Assembleia
da República no âmbito da apreciação na especialidade da proposta de
Lei do Orçamento do Estado para 2020, numa audição conjunta das
comissões do Orçamento e Finanças e de Administração Pública,
Modernização Administrativa, Descentralização e Poder Local.“A
fonte de financiamento dos meios materiais e dos recursos humanos
associados é indispensável [para a descentralização] e na lei do
Orçamento do Estado o artigo sobre a dotação do Fundo da
Descentralização parece-nos insuficientemente dotado”, afirmou o
presidente da ANMP, Manuel Machado.Manuel
Machado salientou que o objetivo é que todos os municípios assumam as
competências a transferir do Estado em 01 de janeiro de 2021 e defendeu
que “o que é importante é acelerar e não o adiamento” da
descentralização.“É uma operação
arriscada? É. Tem dificuldades e contrariedades? Sabemos que tem, mas,
uma vez que [está] convencionada, que foi aprovada na Assembleia da
República a Lei-Quadro, a lei n.º 50, e emitidos os diplomas setoriais, é
necessário exercer as competências nos termos das leis”, disse.Manuel Machado salientou que “há duas áreas que não estão ainda conseguidas”.“A
Ação Social é especialmente relevante, porque interage com os fundos
europeus e tudo isto se cruza em termos de fontes de financiamento para
as ações necessárias em cada espaço nacional, que é diverso, como já
referi. E, portanto, continuamos a trabalhar com o Governo para efetivar
o processo de descentralização”, destacou.Por
outro lado, na área da Educação não há um inventário completo dos bens
que são do Estado e onde funcionaram liceus e escolas, entre outros,
acrescentou, salientando ainda que “mesmo na área da Saúde, onde o
processo está mais adiantado, há algumas dificuldades a serem
resolvidas”.O autarca afirmou ainda que a
ANMP tem trabalhado com o Governo para os municípios poderem exercer as
competências, porque “o mais pernicioso que pode acontecer é haver
espaços do território que fiquem terra de ninguém, fora do processo”.“A
universalidade é uma condição de partida e nós faremos todos os
esforços para a alcançar, apesar de estarmos conscientes das
dificuldades que podem ocorrer”, concluiu.