Fundo para a Ciência e Tecnologia dos Açores utilizou indevidamente empréstimo de 1,2 ME
13 de out. de 2017, 13:48
— Lusa/AO Online
De acordo com o relatório de
uma auditoria ao endividamento bancário do Fundo Regional para a
Ciência e Tecnologia (FRCT), hoje divulgado pelo tribunal, entre 2014 e
2016 aquela entidade “utilizou uma abertura de crédito, na modalidade de
conta corrente, até ao montante de 1,2 milhões de euros sem que tenham
sido observadas as disposições legais aplicáveis”.A verba
destinava-se “a assegurar o cumprimento de obrigações assumidas perante
os bolseiros face aos atrasos na implementação do Programa Operacional
dos Açores 2020” no que respeita aos eixos de intervenção
comparticipados pelo Fundo Social Europeu, refere o relatório.“Apenas
em maio de 2016, o empréstimo foi integralmente liquidado, tendo a
quantia necessária para o efeito sido disponibilizada através do
Orçamento da Região, por conta das verbas a receber no âmbito das
candidaturas” a apresentar àquele programa operacional, adianta o
relatório, observando que a abertura de crédito envolveu encargos de 76
mil euros com juros e outras despesas.Segundo o Tribunal, o FRCT
reportou em janeiro de 2014 uma insuficiência orçamental que decorria da
“transição entre quadros comunitários de apoio” e alertou para o facto
de a receita a transferir pelo Orçamento regional assegurar apenas o
pagamento das bolsas durante quatro meses, pelo que era necessário
encontrar uma solução até abril desse ano.Em junho desse ano, o
FRCT dava conta de que a tutela decidiu solucionar o problema com
recurso a um empréstimo bancário, pelo que ia dar seguimento à decisão,
sendo que a garantia a prestar pela região deveria assumir a forma de
carta de conforto.O Tribunal concluiu que “o órgão de
fiscalização do fundo não emitiu parecer sobre a contratação do
empréstimo” e “a operação não foi previamente autorizada pela Assembleia
Legislativa, tendo sido ultrapassado o limite máximo de empréstimos que
o Governo Regional estava autorizado a contrair”.Para o TdC, não
foi observada “a proibição do aumento do endividamento líquido, por via
da contratação de novos empréstimos”, além de que o contrato foi
executado sem que tivesse sido submetido a fiscalização prévia do
tribunal.O TdC acrescenta que a “operação foi garantida por carta
de conforto forte, com a natureza de garantia pessoal, correspondendo a
uma fiança encapotada” emitida pelo vice-presidente do Governo
Regional, Sérgio Ávila, e pelo ex-secretário do Mar, Ciência e
Tecnologia Fausto Brito e Abreu, o que violou “o regime legal de
concessão de garantias pela região”.À Lusa, Sérgio Ávila explicou
que a opção “era a única que permitia manter a trabalhar mais de 100
investigadores e bolseiros da Universidade dos Açores, sem a qual seriam
dispensados”, mas também “a continuidade de projetos de investigação”.“O
atraso da regulamentação dos fundos comunitários não é matéria cuja
responsabilidade possa ser assacada à região, declarou o governante.Garantindo
tratar-se de uma “operação transparente”, Sérgio Ávila salientou que “o
empréstimo foi totalmente pago quando entrou em funcionamento o novo
quadro comunitário, pelo que não gerou qualquer aumento de dívida para a
região”, além de ter salvaguardado “o interesse público dos Açores”, ao
manter os postos de trabalho e assegurar a continuação dos projetos
científicos.Sérgio Ávila, Fausto Brito e Abreu e os membros do conselho administrativo do FRCT à data da auditoria podem incorrer em multas.