Funcionários judiciais vão para tribunal se tutela não cumprir a lei nas progressões
24 de mar. de 2023, 12:22
— Lusa/AO Online
Isso
mesmo foi transmitido pelo SFJ ao secretário de Estado Adjunto e
da Justiça, Jorge Costa, na reunião que decorreu no Ministério da
Justiça (MJ) de negociações sobre a carreira, numa altura em que
decorre, há mais de um mês, uma greve convocada que já adiou mais de 20
mil diligências nos tribunais, segundo um levantamento feito pela Lusa
junto das comarcas.“Na próxima semana
deverá sair o aviso para o movimento ordinário de oficiais de justiça de
2023 e dissemos que, caso lá não conste as promoções, tal como os
tribunais têm vindo a dizer que é obrigatório e devido, então iremos
lançar mão de algumas medidas que impeçam a administração de efetuar o
movimento não cumprindo a lei”, disse à Lusa o presidente do sindicato,
António Marçal.O dirigente sindical
adiantou que caso o aviso do movimento de funcionários não preveja as
promoções de acordo com o cumprimento da lei, o SFJ avançará com uma
ação no tribunal administrativo para pedir que “seja intimida” a
Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) de se abster da prática
desse ato, mostrando-se convicto de que o tribunal lhes dará razão.O
presidente do sindicato recordou que existem várias decisões judiciais a
dar razão às pretensões sindicais, incluindo um acórdão do Supremo
Tribunal Administrativo, que foi também tema da reunião de hoje no MJ, e
em relação ao qual o Governo pediu uma aclaração.“Isto
é mais uma forma de empatar o jogo em vez de começarmos a resolver as
questões que importa resolver. Da nossa parte mantém-se toda a
disponibilidade para pacificarmos a vida nos tribunais, voltarmos a um
funcionamento regular, na medida do possível, porque, como todos
sabemos, enquanto não estiverem todos os lugares preenchidos, enquanto
não houver funcionários em número suficiente para praticar todos os atos
que são necessários, estamos sempre numa normalidade que já é uma
anormalidade normal de há muitos anos”, disse.António
Marçal insistiu que para desconvocar a greve em curso – pedido que o
secretário de Estado voltou a reiterar – basta que o Governo aceda a
duas reivindicações dos funcionários judiciais: o pagamento do
suplemento remuneratório em 14 meses, tal como chegou a constar em dois
Orçamentos do Estado “aprovados com o voto do PS” e a questão da
“regular progressão na carreira, com acesso às categorias superiores,
mesmo que de uma forma faseada”.“O próprio
Presidente da República reconhece a justeza e razoabilidade daquilo que
estamos a pedir e era mais do que tempo de isso ser feito”, disse,
recordando o apoio de Marcelo Rebelo de Sousa, mas também do presidente
do Supremo Tribunal de Justiça, Henrique Araújo, e do presidente da
Associação Sindical dos Juízes, Manuel Soares.A greve do poderá prolongar-se até 16 de abril.