Funcionamento dos bombeiros sem alterações com novo modelo da Proteção Civil
28 de dez. de 2022, 12:47
— Lusa/AO Online
“Diria
que há aqui algo que importa desmistificar, porque os bombeiros não vão
ser integrados em nenhuma estrutura. Os bombeiros vão continuar a
trabalhar ao seu nível, ao nível dos seus corpos de bombeiros, das suas
áreas de atuação, o que vão ter é um reporte diferente a partir de
agora. Em vez de reportarem ao comando distrital, reportam a um comando
sub-regional. Isto não provoca nenhuma alteração nem obriga a nenhum
tipo de integração numa outra estrutura”, disse Patrícia Gaspar, em
entrevista à agência Lusa.Os 18 comandos
distritais de operações e socorro (CDOS) vão acabar a 01 de janeiro
para dar lugar aos 23 comandos sub-regionais de emergência e proteção
civil. Este novo modelo estava previsto na lei orgânica da Autoridade
Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que entrou em vigor em
abril de 2019.A Liga dos Bombeiros
Portugueses (LBP) já se manifestou “frontalmente contra” esta alteração e
considerou que não se revê neste novo modelo de organização
territorial, alegando que o sistema tem uma organização distrital e não
sub-regional.“Tenho noção das renitências,
das dúvidas e até de algumas posições menos favoráveis a esta mudança,
mas estou também convencida que, com o continuar dos trabalhos e à
medida que as coisas forem agora avançando, vamos perceber que há uma
nova dinâmica e uma nova realidade. Vamos ter que nos ajustar e a
mudança às vezes é necessária, sobretudo quando for para melhor”,
salientou Patrícia Gaspar, destacando o diálogo “aberto e franco” que
tem sido mantido com a LBP.A governante
considerou também que esta mudança no sistema de Proteção Civil vai
“efetivamente trazer uma mais-valia ao sistema, uma maior capacidade de
proximidade e ter mais noção daquelas que são as reais necessidades dos
territórios”.A secretária de Estado
salientou que as comunidades intermunicipais vão passar a ser “parceiros
fundamentais”, tendo em conta que no novo quadro comunitário de apoio
vão ser importantes “na captação de novas oportunidades de investimento
para esta área da proteção civil”.“Estou
convencida que todos vamos sair a ganhar e que a Liga dos Bombeiros
Portugueses irá também perceber que este é um mar que vamos todos ter
que navegar. Contamos também com a Liga, como contamos com todas as
restantes instituições do setor, para podermos continuar no espírito de
franca colaboração e de cooperação que tem havido até aqui”, afirmou.
Sobre a nomeação dos novos
comandantes e segundo comandantes das 23 novas estruturas, a secretária
de Estado afirmou que vão ser agora nomeados em regime de substituição e
a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) vai abrir
“de imediato” um concurso público.“Vamos
ter um processo de nomeação em regime de substituição, porque,
objetivamente, até ao final do ano não era possível garantir um
procedimento concursal normal, que é aquilo a que a lei neste momento
obriga. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil vai de
imediato abrir um concurso público, porque é isto que está previsto na
lei e vai haver um regime concursal”, disse, frisando que a esmagadora
maioria dos atuais comandantes dos CDOS vai manter-se funções e “depois
terão que ser submetidos a escrutínio, como todos os outros”.