Fumadores têm a partir de outubro dois medicamentos comparticipados para largar o vício
26 de set. de 2024, 10:53
— Lusa/AO Online
A
Autoridade Nacional do Medicamento de Produtos e Saúde (Infarmed)
avançou à agência Lusa que, no próximo mês, estará disponível no mercado
um novo medicamento sujeito a receita médica, enquanto o outro, com a
substância ativa vareniclina, também sujeito a receita médica, foi
disponibilizado recentemente.O genérico é
do medicamento Champix, que era o único medicamento comparticipado pelo
Estado, mas que foi retirado do mercado em 2021 por decisão do
laboratório.No Dia Europeu do Ex-fumador,
celebrado hoje, a coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da
(SPP), Sofia Ravara saudou esta medida, sublinhando que existem estudos
que mostram que o baixo preço motiva os fumadores para deixar de fumar.Além
disso, triplica a taxa de sucesso do tratamento, porque aumenta a
adesão ao tratamento farmacológico, disse a responsável da SPP, que
lançou a campanha “Deixar de usar tabaco e nicotina: uma meta alcançável
com tratamento”.A também professora da
Universidade Beira Interior falava depois de a SPP ter feito as contas
aos ganhos que se pode ter ao deixar de fumar com a comparticipação de
dois fármacos, sobretudo, do genérico, tendo concluído que “continuar a
fumar custa cinco vezes mais do que fazer o tratamento”.“O
seu custo ronda os 26 euros para o contribuinte normal e 20 euros para o
pensionista. Se pensarmos, por exemplo, que uma das marcas mais baratas
para fumar custa 4,7 euros, o maço de tabaco, uma pessoa que fume 20
cigarros vai gastar 141 euros por mês, enquanto se fizer a terapêutica
vai gastar 26 euros ou 20 euros se for pensionista”, realçou.Para a especialista, esta poupança é “extremamente apelativa”, desejando que “os fumadores tenham esta informação”.Destacou
a importância da realização de campanhas regulares, como acontece em
países como os Estados Unidos e Inglaterra, em rádios locais, nos
serviços de saúde, nas redes sociais, para motivar os fumadores e
divulgar o tratamento, “porque pode ser difícil deixar de fumar” e de
usar os produtos de nicotina, o cigarro eletrónico, o tabaco aquecido,
“mas é uma meta alcançável com tratamento”.A
especialista explicou que o tabaco aquecido e os ‘vapes’, tal como os
cigarros convencionais, são dispositivos que fornecem nicotina inalada
através dos pulmões, que atinge rapidamente a circulação sanguínea e o
cérebro, libertando dopamina e outros neurotransmissores, que causam
prazer e bem-estar. O seu uso regular
induz facilmente dependência e, por outro lado, a privação nicotínica
causa sofrimento e desejo intenso de consumir, daí a importância do
tratamento farmacológico e do seguimento por um especialista em
consultas de cessação tabágica que vai ajudar o fumador no trabalho de
mudança comportamental.Ressalvando que a
comparticipação de mais medicamentos é “uma excelente notícia”, Sofia
Ravara defendeu que também seria importante a comparticipação dos
substitutos de nicotina que “custam muito dinheiro”, como as pastilhas e
os adesivos com as formas orais de nicotina.Defendeu,
por outro lado, o aumento do tabaco aquecido e dos cigarros
eletrónicos, através da taxação, numa altura em que se discute o
Orçamento do Estado para 2025, observando que existem marcas que custam
cerca de três euros, menos do que o tabaco normal, assim como um maço de
cigarrilhas.A SPP apela também ao Governo
e decisores políticos para expandir “os ambientes sociais totalmente
livres de fumo” e para garantir o acesso a programas abrangentes de
cessação tabágica, reforçando a rede de consultas especializadas no SNS e
na comunidade.Defende também a formação
dos profissionais de saúde para abordarem sistematicamente o tabagismo
na prática clínica de rotina e a criação de uma linha telefónica SNS
especializada para deixar de fumar. “Do
mesmo modo, urge proteger as crianças, os adolescentes e os adultos
jovens do marketing enganoso e perverso da indústria do tabaco e da
nicotina, regulando as suas atividades, e aplicando eficazmente a lei de
prevenção e controlo de tabaco”, salienta.