Frente Comum abandona negociações indignada com aumentos propostos pelo executivo
OE2020
13 de dez. de 2019, 11:49
— Lusa/AO Online
De acordo com o
que relatou aos jornalistas a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, a
comitiva sindical aguardou a chegada do secretário de Estado da
Administração Pública, José Couto, entregou um documento a exigir 90
euros de aumento salarial e abandonou a sala. “É
um insulto não vale a pena qualquer discussão”, disse a dirigente,
prometendo “uma resposta forte” por parte dos trabalhadores do Estado,
adiantando que no dia 19 os trabalhadores votarão uma proposta de luta e
vão mobilizar-se.Segundo Ana Avoila, a
Frente Comum não concordou, desde logo, “com a forma como o Governo fez
este simulacro de negociação”, determinando unilateralmente o fim das
negociações salariais anuais. “Enviou uma
convocatória impondo duas reuniões uma no início e outra no final e
dá-se ao luxo de marcar ele a negociação suplementar, não aceitamos
intromissões nos direitos dos sindicatos”, disse. Sobre os aumentos salariais para o próximo ano “está tudo indignado”.“Não
nos passava pela cabeça que o Governo tivesse a desfaçatez de
apresentar uma proposta destas”, disse Ana Avoila, referindo que a
proposta apresentada pelo executivo de António Costa representa no
melhor dos cenários um aumento de seis cêntimos por dia para os
assistentes operacionais, nove para administrativos e 12 para técnicos
superiores. O argumento de que “não há dinheiro” não convence a Frente Comum, que fala em “opções políticas”.A
Frente Comum pretende continuar a ronda de reuniões que iniciou com os
partidos com assento parlamentar, faltando o PS, PSD e Bloco de
Esquerda. O Governo volta hoje a
reunir-se com os sindicatos da Função Pública depois de ter apresentado,
na quarta-feira, uma proposta de aumentos salariais de 0,3% para 2020, o
que motivou duras críticas dos dirigentes sindicais.“A
proposta considera como referencial para aumentos salariais de 2020 a
taxa de inflação observada até novembro de 2019 (de 0,3%, para todos os
trabalhadores)”, avançou o Ministério das Finanças em comunicado na
tarde de quarta-feira, enquanto decorriam as negociações orçamentais com
os sindicatos no Ministério da Modernização do Estado e da
Administração Pública, em Lisboa.Segundo
adiantou aos jornalistas o secretário de Estado do Orçamento, João Leão,
o impacto do aumento salarial da função pública em 2020 será de 60 a 70
milhões de euros. O Governo defende que a
atualização salarial no próximo ano, somada às outras medidas já
tomadas com impacto nas remunerações, como o descongelamento das
progressões na carreira, terá um custo total de 715 milhões de euros,
correspondente a um aumento médio de 3,2% por trabalhador. O
valor representa um aumento de 49 milhões de euros face a 2019, em que
são esperados gastos de 666 milhões de euros, destaca o Governo num
documento divulgado após as reuniões de quarta-feira com os sindicatos.