Freguesia em Gondomar assina contrato de trabalho com cão que adotou
13 de set. de 2023, 16:06
— Lusa
A história,
segundo Francisco Laranjeira, começou há cerca de um mês quando “a dona,
que tinha sido despejada, foi à junta pedir ajuda para o cão, pois o
novo senhorio não aceita animais”.Com
apenas 3 anos, Boris “encantou de imediato as funcionárias da junta” que
pediram ao autarca para ficar com o animal. Ainda assim, a primeira
opção foi colocá-lo para adoção nas redes sociais da autarquia. Apesar
das “muitas interações, não apareceu ninguém interessado”, contou. “Ficámos
com o cão nas mãos, acabando as funcionárias por o acolher, nas suas
casas, à noite e ao fim do dia”, continuou Francisco Laranjeira,
revelando que desde então o Boris, que passou a ter também Baguim no
nome, “no horário de expediente anda pela secretária, a interagir com
funcionários e fregueses”.O executivo
decidiu, então, ir mais longe, e publicou nas redes sociais um contrato
de trabalho/prestação de serviços por tempo indeterminado assinado com o
animal.Francisco Laranjeira explicou o
que rotula de “brincadeira séria”: “porque hoje estamos cá e amanhã
podemos não estar, fizemos um contrato com o cão, assinado por todo o
executivo e por ele, que ficou em ata, que determina que o Boris Baguim é
propriedade da junta e não o podem mandar embora”.Na
fotografia publicada do contrato estão as assinaturas dos cinco membros
do executivo da autarquia de Gondomar e também a pata do animal, como
segundo outorgante. O contrato foi
assinado a 04 de setembro, mas com início a 08 de agosto, durando o
“tempo de vida do segundo outorgante”, lê-se no documento, que determina
como funções ao animal "guardar e zelar pelos bens da junta, dar amor e
carinho a todos os funcionários e seus fregueses".No
"período de trabalho de 365 dias", continua o contrato, o Boris Baguim,
"pelos serviços prestados auferirá assistência veterinária,
alimentação, diversão, amor e carinho". “A
despesa não nos preocupa, pois, desde as vacinas à lavagem e
acompanhamento do veterinário foi tudo despesa prevista no programa de
apoio aos animais da junta de freguesia”, explicou. No
novo dia a dia, contou o autarca, quem vai à junta “fica contente com a
presença do animal e fazem-lhe festas”, sendo que os episódios de
agrado continuam a repetir-se sob a forma de ofertas: “depois há pessoas
que voltam à secretaria para levar biscoitos e comida para o cão”.Expressando
o desejo de que o acolhimento feito em Baguim seja “um exemplo para que
outras autarquias possam fazer o mesmo”, Francisco Laranjeira admite,
no entanto, que ainda “nem tudo está bem com o animal”. “O
cão deve ter sido maltratado e está um pouco assustado. Por exemplo, se
ele estiver sozinho comigo não come, mas se estiver com as funcionárias
mostra-se muito mais à vontade”, contou.