Franceses "orgulhosos" no regresso do desfile do 14 de julho aos Campos Elísios
14 de jul. de 2021, 15:32
— Lusa/AO Online
"É
bonito, é festivo, é preciso vir pelo menos uma vez na vida!", disse
Philippe que veio com a família de Estrasburgo, na região da Alsácia,
para assistir a este momento emblemático do calendário festivo gaulês,
em declarações à Agência Lusa.Em
2020, devido a pandemia da Covid-19 a cerimónia ficou-se por uma
pequena celebração na Praça Concorde, sendo o primeiro ano depois da
Segunda Guerra Mundial em que não houve o tradicional desfile que traz
aos Campos Elísios mais de 5.000 militares, tanques, aviões e
helicópteros para celebrar o Dia da Bastilha.O
tema do desfile este ano, presidido pelo chefe de Estado francês,
Emmanuel Macron, foi uma homenagem às missões da França no exterior,
nomeadamente a missão Takuba, uma missão no Mali que os franceses querem
desenvolver após o anúncio do desmantelamento progressivo da operação
Barkhane na região.Esta
operação conta com o apoio de parceiros europeus como Estónia,
República Checa, Suécia, Itália, Grécia, Portugal, Hungria e Roménia.
Assim, nos Campos Elísios, entre os 5.000 soldados franceses desfilou um
militar português, e na tribuna de honra estava o ministro da Defesa
Nacional, João Gomes Cravinho."Para
França não há dúvida nenhuma que o 14 de julho tem um simbolismo
extremamente intenso e em que a Nação se reconhece", disse na véspera o
governante português, acrescentando que a pandemia tornou "mais visível"
o trabalho das Forças Armadas.Para os franceses, missões externas como Takuba continuam a fazer sentido."Nós
criamos coligações internacionais e é importante mantê-las, não só de
um ponto de vista diplomático, mas para ajudar a preservar a liberdade e
governos legítimos que beneficiem as suas populações", declarou
Nicolas, vindo de Amiens para ver a parada em Paris.Se
a demonstração do poder bélico voltou à chamada avenida mais bela do
Mundo, o número de pessoas a assistir foi reduzido significativamente
devido às condições sanitárias impostas pela pandemia. Philippe e a
família ficaram tristes ao constatar que tinham chegado demasiado tarde
para estar na primeira linha.Este
ano, para além de se chegar cedo para ter um bom lugar, há quem chegue à
avenida entre as 6:00 e 7:00 da manhã para garantir a melhor vista
possível, era também preciso apresentar um passe sanitário com a
vacinação completa ou um teste PCR negativo.Nicola tem só a primeira dose da vacina, portanto fez um teste PCR só para poder assistir ao desfile."É uma tradição, mas é uma demonstração republicana, temos orgulho em ver os nossos militares a desfilarem assim", declarou.Apesar
do debate em França sobre as declarações do Presidente da República,
Emmanuel Macron, na segunda-feira, e a obrigação de apresentar o passe
sanitário a partir de agosto para ir a um bar, restaurante ou cinema, as
pessoas com quem a Agência Lusa falou, já estavam vacinadas e o tema
não era fonte de controvérsia."Estamos
todos vacinados, não me sinto oprimido por me ter vacinado, são só as
regras sanitárias e é preciso respeita-las. Faz tudo parte dos atos de
cidadania", sublinhou Philippe, completamente vacinado, tal como a
mulher Claudine e a filha, Charlotte.Coline,
de 18 anos, também não hesitou em vacinar-se. "É algo altruísta, nós
temos pouco risco, mas se a doença se agrava e nos tornamos um caso
grave vamos tirar o lugar a alguém que pode precisar mais. Somos sempre
livres de dizer não, claro que há contrapartidas e somos incitados a
vacinar-nos, mas é por uma boa causa. É para nos proteger-nos e proteger
os outros", explicou.Steve,
vindo dos Estados Unidos e a passar alguns dias de férias em França com
a família, veio assistir ao que considera ser "o melhor desfile
militar" que viu até hoje, diz que também há um debate no seu país sobre
as vacinas, mas que é algo que se deve fazer para o bem de todos."Há
também este debate nos Estados Unidos e acho que as pessoas devem poder
escolher, embora estejamos a testar os limites das liberdades
individuais. Acho que é algo que todos devemos fazer uns pelos outros",
concluiu o americano vindo do Michigan.Esta
noite é também o regresso dos tradicionais fogos-de-artifício com
público um pouco por toda a França, com algumas cidades a decretarem a
utilização do passe sanitário para assistir, mesmo ao ar livre. Em
Paris, os fogos são lançados da Torre Eiffel e há uma lotação de 15 mil
pessoas na assistência.