Fórum para a Competitividade estima crescimento do PIB entre 0% e 2% em 2023
19 de jan. de 2023, 16:35
— Lusa
Nas ‘Perspetivas Empresariais’
relativas ao quarto trimestre de 2022, o Fórum para a Competitividade
antecipa que “o ano de 2023 será de uma fortíssima desaceleração”, mas
diz ser “possível que a recessão técnica estimada não se venha a
materializar”. Conforme explica, “esta
recessão ocorreria entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro
trimestre de 2023, bastando que não tenha havido quebra no último
trimestre do ano passado para evitar a recessão”.Ainda
assim, o Fórum considera que este ano “enfrenta dificuldades muito
significativas, com o arrastar da guerra na Ucrânia, o abrandamento da
economia mundial, a crise energética, a resistência da inflação a ser
domesticada, a subida das taxas de juro e dos diferenciais de crédito”. Já
em 2024, acrescenta, “a economia regressaria a um crescimento mais
próximo do potencial, momento em que será confrontada com o nível
demasiado baixo deste potencial”.“Nos
últimos tempos, a conjuntura tem sido demasiado instável, o que tem
dificultado a leitura da capacidade estrutural do nosso PIB [Produto
Interno Bruto], mas no próximo ano as nossas fragilidades estruturais
tornar-se-ão mais evidentes”, sustenta.“Em
resumo, o Fórum para a Competitividade estima um forte abrandamento do
crescimento, de entre 6,6% a 6,7% em 2022 para entre 0% e 2% em 2023 e
entre 0,5% e 2% em 2024”, conclui.Em
resultado da desaceleração da economia este ano, o Fórum avisa que
estarão criadas “condições para a sucessiva deterioração do emprego, mas
de forma não muito pronunciada”.“A taxa
de desemprego poderá subir pouco, mantendo-se sempre abaixo dos 7%, ou
seja, conseguindo persistir o ‘pleno emprego’”, refere, antecipando “um
aumento ligeiro da taxa de desemprego, de entre 5,8% a 6% em 2022 para
entre 5,5% para 6,5% em 2023, e a manutenção neste intervalo em 2024”.“Embora
possamos assistir a despedimentos, é também provável que haja empresas
que aproveitem a oportunidade para contratar”, sustenta.Defendendo
que “seria muito positivo que as dificuldades que se antecipam no
mercado de trabalho permitissem a transferência de trabalhadores das
empresas menores e menos sólidas para as maiores e mais robustas”, o
Fórum considera, contudo, que “o enquadramento institucional não
favorece esta evolução”. Já os salários
“deverão voltar a subir abaixo da inflação e, em muitos casos, mesmo
abaixo dos 5,1% que foi usado como referencial para as remunerações”, o
que “significa que o rendimento das famílias tem perspetivas muito
limitadas no corrente ano”.“Para além
disso, o aumento das taxas de juro e das prestações do crédito à
habitação deverão continuar a retirar margem para gastos correntes”,
pelo que “o consumo privado deverá ser muito fraco no ano que se
inicia”, enfatiza.Na análise hoje
divulgada, o Fórum estima ainda “um abrandamento da inflação nacional,
de 7,8% em 2022 para entre 4% e 6% em 2023 e 2% e 4% em 2024, com a
generalidade dos fatores a favorecerem a sua moderação”.Já as taxas Euribor “devem continuar a sua trajetória ascendente, mas de forma mais limitada do que em 2022”.No
que se refere às exportações portuguesas, o cenário é de “desaceleração
sucessiva”: “Face aos últimos três meses, registou-se uma sucessiva
desaceleração da exportação de bens, com a exceção mais significativa
dos EUA. Para além disso, também se registou um abrandamento da subida
do preço unitário, de 18,4% em agosto para 13,0% em novembro”, recorda.Por
sua vez, “as importações também têm estado num movimento equivalente,
mesmo as de combustíveis, que em outubro e novembro se fixaram nos
menores valores do ano”.Neste contexto, o
Fórum para a Competitividade entende que “a deterioração das perspetivas
internacionais deve continuar a afetar as exportações” portuguesas,
“enquanto a relativa estabilização do preço dos combustíveis deve
contribuir para limitar o impacto sobre as importações”.Na
zona Euro, as previsões são de que o PIB “poderá escapar à recessão
técnica, porque tem lidado melhor com a crise energética do que o
esperado, quer devido à descida dos preços da energia, quer com a
diminuição do consumo (facilitado pelo Inverno ameno), quer com a
captação de fornecimentos alternativos”.“Ainda assim – nota o Fórum - o crescimento deve ser tímido em 2023, só melhorando em 2024”.“A
conjuntura internacional está em deterioração, devido à incerteza
elevada associada à invasão da Ucrânia, à crise energética e à subida
generalizada das taxas de juro e dos prémios de risco”, explica.Já
em Portugal – que, “entre 2019 e 2022, cresceu em média apenas uma
décima acima da média da UE [União Europeia]” - o Fórum para a
Competitividade considera que “a taxa de crescimento do PIB de 2022
(entre 6,6% e 6,7%) não deve ser sobrevalorizada”.