Fórum para a Competitividade considera que houve reconfiguração da carga fiscal
3 de abr. de 2018, 15:15
— Lusa/AO online
Na
Nota de Conjuntura divulgada, o Fórum para a Competitividade
afirma que “não houve descida de impostos entre 2016 e 2017. Houve
apenas uma reconfiguração da carga fiscal”.Segundo a mesma fonte, a carga fiscal atingiu 37% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, o “valor mais alto de sempre”.Os
analistas do Fórum para a Competitividade explicam que entre 2016 e
2017 o Governo baixou o IRS (alterando os escalões e terminando com a
sobretaxa) num total de 700 milhões de euros e reduziu o IVA (Imposto
sobre o Valor Acrescentado) da restauração que vale cerca 500 milhões de
euros anualmente.“Ou
seja, se considerarmos apenas 2016 e 2017, a descida de impostos valerá
cerca de 1,2 mil milhões de euros. Em contrapartida, o aumento dos
impostos indiretos e do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) representa
um aumento de receita fiscal em 2016 e 2017 de cerca de mil milhões de
euros”, lê-se no documento.No
caso de se alargar o período para 2016-2018 (usando as previsões do
Orçamento do Estado para este ano), a nota refere que a redução de IRS
(Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares) atinge um valor de
1,2 mil milhões de euros, o que somando o efeito do IVA da restauração
representa uma redução de impostos de 1,7 mil milhões de euros.“Nesse
período, o aumento de impostos indiretos e IMI representam cerca de 1,3
mil milhões de euros. Ou seja, só em 2018, e beneficiando do ponto de
vista orçamental dos vários efeitos pontuais atrás descritos e do
crescimento económico é que houve margem para uma pequena redução de
impostos, na ordem dos 400 milhões de euros”, segundo a mesma fonte.Os
analistas do Fórum para a Competitividade afirmam que “a redução de
impostos que o Governo apregoa é extremamente reduzida” e advertem para o
facto de que “os fatores que fazem crescer a receita fiscal são
cíclicos".Isto, afirmam, mostra "a fragilidade desta consolidação orçamental", que "não aguentará o próximo embate recessivo".Em
26 de março, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que a
carga fiscal aumentou para 37% do PIB no ano passado, face ao peso de
36,6% que tinha na economia em 2016.A
carga fiscal, segundo o INE, mede-se pelo valor total dos impostos e
contribuições efetivas para a Segurança Social face ao PIB.No
caso de serem consideradas apenas as receitas com impostos - excluindo
as contribuições sociais (o conceito de carga fiscal utilizado pela
Comissão Europeia), o peso dos impostos na economia teria aumentado, de
25% para 25,2%, de acordo com o INE.