Fórum Artes e Ofícios nos Açores quer colocar setor "no topo da agenda"
2 de jun. de 2023, 10:44
— Lusa/AO Online
“Não
se olha para o artesanato como parte integrante da economia de hoje em
dia. Apesar de ser um setor frágil, é no fundo aquele que está mais
alinhado com os valores da ecologia, das raízes, do ambiente, da
economia circular, e só precisa de se afirmar a sua atualidade”, afirmou
a coordenadora do Centro de Artesanato e Design dos Açores, Alexandra
Andrade, em declarações à agência Lusa.A
1ª edição de ‘Hands on Azores - Fórum Artes e Ofícios – Pensar o Fazer’
decorre em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, esta sexta-feira e
sábado.Desenvolvida pelo Centro de
Artesanato e Design dos Açores (CADA), esta iniciativa tem três painéis
de oradores convidados e pretende "provar que o saber-fazer artesanal
pode estar no centro das atividades culturais e económicas", integrando
uma lógica de sustentabilidade.Alexandra
Andrade adiantou à Lusa que os Açores têm perto de 600 unidades
produtivas artesanais registadas, vincando que se trata de um setor com
"grande importância" a nível regional. "É um setor específico tem as suas fragilidades, mas já tem a sua importância ao nível da região", referiu.A
coordenadora do Centro de Artesanato realçou que o fórum serve também
para que artesãs e artesãos, ‘designers’ e agentes das indústrias
criativas, profissionais, investigadores e especialistas ligados ao
setor das artes e ofícios "não se sintam sozinhos e isolados para que
conheçam outras perspetivas"."E, possamos colocar o mundo artesanal no universo da contemporaneidade", sublinhou.A
curadoria de 'Hands on Azores' pertence a Kathi Stertzig e Álbio
Nascimento, os designers por detrás da Origem Comum – plataforma
portuguesa de trabalho e de investigação que preserva práticas
ancestrais e recupera e cria novos modelos. Aquela dupla é também autora da Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais - Saber Fazer.Álbio
Nascimento explicou à Lusa que o foco principal do fórum "é trazer as
questões da contemporaneidade à mesa do debate", num setor com grande
ligação à tradição e às raízes."É um
assunto transversal a todo o mundo e daí o nível internacional que o
fórum assume, com oradores de várias partes do mundo que trabalham no
terreno, que têm a sua carreira desenvolvida à volta do artesanato,
ensinam boas práticas, com o intuito de valorizar o artesanato neste
mundo contemporâneo", sublinhou.Álbio
Nascimento considerou que os Açores têm um "percurso pioneiro naquilo
que é uma organização do setor a nível nacional", nomeadamente em termos
de apoios a projetos, incubação de projetos, representação em feiras,
recenseamento e organização."É um percurso
pioneiro", vincou, em entrevista à Lusa, o co-curador, acrescentando
que o fórum pretende colocar o artesanato no topo da agenda e mostrar a
importância destas artes e ofícios, os desafios e respostas que este
setor tem no mundo global.As artes e ofícios tradicionais devem ser vistos como parte integrante da economia e "não como algo obsoleto", notou.A iniciativa vai contar com oradores provenientes de várias partes do mundo.'Hands
on Azores' integra o MODAMAC – projeto criado no âmbito do Programa
Operacional de Cooperação Territorial Interreg Mac 2014-2020 – e é
promovido pela secretaria regional da Juventude, Qualificação
Profissional e Emprego através do Centro de Artesanato e Design dos
Açores.