Forte adesão dos trabalhadores da higiene urbana de Lisboa à greve do lixo
2 de jan. de 2025, 15:45
— Lusa/AO Online
Os
trabalhadores da higiene urbana em Lisboa estiveram em greve, entre o
Natal e o Ano Novo, convocada pelo STML e pelo Sindicato Nacional dos
Trabalhadores da Administração Local (STAL) devido à ausência de
respostas do executivo municipal aos problemas que afetam o setor, em
particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por
exemplo, obras e intervenções nas instalações.A
greve foi geral nos dias 26 e 27 de dezembro e contou com serviços
mínimos entre 26 e 28 de dezembro (realização de 71 circuitos diários de
recolha de lixo, envolvendo 167 trabalhadores).Paralelamente,
houve também greve ao trabalho extraordinário, que se iniciou no dia 25
e se prolongou até terça-feira, havendo uma paralisação no dia de Ano
Novo, apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre
as 22:00 de quarta-feira e as 06:00 de hoje.“Dados
concretos e percentagem não temos muitos, mas temos a noção de que
houve uma forte adesão dos trabalhadores a estes dois protestos nos dois
períodos da greve e que só não foi de maior adesão porque tivemos a
decisão do Colégio Arbitral que fixou serviços mínimos”, disse à Lusa o
presidente do STML, Nuno Almeida.De acordo
com o responsável, os serviços mínimos foram de “um máximo histórico”,
referindo que nunca tinha havido nada “daquele nível”, sublinhando que
tal “constituiu uma forte limitação ao livre exercício da greve”.No
entanto, Nuno Almeida sublinhou que a adesão daqueles que não tiveram
que cumprir os serviços mínimos “foi bastante elucidativa daquilo que é a
avaliação dos trabalhadores em relação aos problemas que persistem na
higiene urbana e que os levou a decidir, com os sindicatos, a luta dos
últimos dias”.“Agora, o que se espera são
respostas aos problemas e que a Câmara também afira deste sentimento que
os trabalhadores demonstraram com a adesão nestes dias de greve”,
alertou o responsável, considerando ter havido adesões diferentes tendo
em conta que houve dias de greve ao trabalho total e outros só ao
trabalho suplementar.Após a greve, o
presidente do STML espera que, durante o mês de janeiro, os sindicatos
se reúnam com a Câmara Municipal de Lisboa e obtenham “respostas aos
problemas que presidiram à luta”.Caso não
haja uma melhoria nas condições de trabalho, nomeadamente com base no
cumprimento do acordo de 2023, e não haja perspetivas de investimento,
nomeadamente na frota, que [foi] uma das razões que levou também estes
trabalhadores a estarem muitos descontentes com a situação e a verem o
definhar do serviço público, os trabalhadores e os sindicatos avaliarão
novas formas de luta, afirmou.Em relação à
previsão de que tudo volte à normalidade, o sindicalista considera que
“provavelmente só a partir do fim de semana haverá uma regularização”,
lembrando também o papel que as juntas de freguesia tiveram durante a
greve ao ajudar “pelo menos na parte exterior dos sistemas”.A
cidade de Lisboa recolhe diariamente cerca de 900 toneladas de lixo,
sendo que o serviço de recolha de resíduos na capital está organizado de
segunda a sexta-feira, funcionando ao sábado com recurso a trabalho
extraordinário e, ao domingo, apenas com recolha excecional.A Lusa questionou a Câmara de Lisboa que remeteu para mais tarde uma eventual resposta. Na
segunda-feira os serviços de higiene urbana da cidade de Lisboa estavam
ainda a recuperar do “impacto negativo” dos últimos dias de greve no
setor, de acordo com a câmara municipal.“Estamos
muito preocupados com os dias que se avizinham. Apesar de a câmara
estar a cumprir o acordo assinado e de estar a melhorar as condições dos
trabalhadores, os sindicatos insistem, injustamente, em dificultar a
vida dos trabalhadores e das pessoas que residem em Lisboa e que visitam
a cidade nesta época”, indicou então o gabinete do presidente do
executivo municipal da capital, Carlos Moedas (PSD), em resposta à
agência Lusa.