Fornecimento de armas pela UE bem encaminhado, mas sob segredo
Ucrânia
28 de fev. de 2022, 16:40
— Lusa/AO Online
“A nível
de mobilização de recursos, está tudo bem encaminhado. A entrega requer
uma logística importante que os Estados-membros têm de organizar, e tem
de ser feita rapidamente. Mas nós estamos numa guerra e não vou dar
nenhuma informação que possa servir à parte que enfrentamos. Estou certo
de que a Rússia ficaria muito contente ao saber por onde e como vai
passar a ajuda que vamos dar” ao exército ucraniano para se defender,
disse Josep Borrell.O Alto Representante
da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança falava
numa conferência de imprensa, em Bruxelas, após uma videoconferência de
ministros da Defesa dos 27, realizada para discutir a nível “mais
técnico” a aplicação do histórico pacote de apoio de 450 milhões em
armamento para a Ucrânia acordado na véspera pelos ministros dos
Negócios Estrangeiros.Nas mesmas
declarações, Borrell lembrou que Moscovo já avisou que atacará “qualquer
pessoa ou entidade que transporte essa ajuda”, pelo que se escusou a
avançar com “qualquer detalhe que lhes possa ser útil”.Borrell,
que na véspera agradecera à Polónia ter-se oferecido como ‘hub’
logístico para a transferência da assistência material à Ucrânia,
limitou-se a dizer que, “naturalmente”, a mesma “passará por países que
têm fronteira com a Ucrânia, isso não é segredo”, e adiantou que foi
decidido criar uma célula, que trabalhará em coordenação com a NATO,
para acompanhar “os pedidos e necessidades da Ucrânia” e o
encaminhamento do armamento, que inclui material defensivo,
designadamente antitanques, e armas e munições de todos os calibres.O
Alto Representante salientou que os ministros da Defesa trabalharam
hoje muito “na coordenação dos esforços para garantir a máxima eficácia”
não só da mobilização e entrega das armas adquiridas com o
financiamento de 450 milhões de euros, mas também daquelas fornecidas às
forças armadas ucranianas por diversos Estados-membros numa base
bilateral.Borrell revelou que a Ucrânia
solicitou também mais apoio a nível de informação militar, estando já a
UE a mobilizar o seu centro de satélites, com sede em Madrid, para
“trabalhar nesse sentido”.O chefe da
diplomacia europeia indicou ainda que foi feita uma avaliação da
evolução da situação militar no terreno, com base em informação
recolhida por diversos Estados-membros, e a conclusão é que “a campanha
militar da Rússia está a tornar-se cada vez mais brutal”.Mas,
sublinhou, que “as forças armadas ucranianas estão a lutar com coragem”
e enganou-se “quem dizia que a queda de Kiev era uma questão de horas”,
pois a capital continua a resistir, assim como Mariupol e Kharkiv.Todavia,
o Alto Representante reconheceu que “é vital” apoiar as forças armadas
ucranianas face a um agressor com muitos mais meios militares.“Precisam
de munições, armas de defesa de qualquer tipo, e vamos fornecer-lhes”,
disse, reiterando que a decisão de domingo da UE, apoiada “por todos,
todos os Estados-membros”, de providenciar assistência militar a um país
terceiro alvo de agressão é histórica e marca um novo capítulo na
construção europeia. No domingo, naquela
que foi a sua quarta reunião no espaço de uma semana, os ministros dos
Negócios Estrangeiros dos 27 deram aval a um pacote de 450 milhões de
euros para financiar o fornecimento de armas letais ao exército
ucraniano, que luta contra a invasão russa, numa decisão que marca uma
viragem histórica na UE.